Coluna Depois das horas: 3 poemas de G. Monteiro

 Imagem gerada com o freepik



Das imagens
 
 

Vida próxima de si própria
No contrário dessa proximidade
 
na fundura 
alma adentro
    desliza no tempo
que afunda junto
e alcança a falta de tempo
finalmente nunca chega
 
(…)
 
a hora vence o sucesso
ao espaço de outros espaços
em perspectivas de chão



 
A superfície
 
 
tua vida noutros braços
assim mal vivida
para muito senti-la
num pedaço de caminho
que não te alcança
e te compõe
 
tua é a alma
que te emprestam
e a nudez desfeita
na própria nudez
 
não vives tua dor
e eis a alegria
por entre as chances
de não sofrer
 
para além de teus segredos
noutros braços podes tê-los
e o espelho de tua face
roubado
para não mais perdê-la  



 
 
Revisita
 
 
neste banco não há instante
há o que lhe ergue: banco
as lendas lhes fazendo ribeirinho
e açude as margens
o espelho antes do que é água: banco   
até que os namorados chegam noivam casam
e seus filhos me trarão as mesmas piabas
saltitando e já nem vejo mortas à miúda fome
a mesma de me humilhar
minha revisita ao banco    
 



Geovane Fernandes Monteiro, natural de Água Branca, PI, tem formação em Letras – Português e Pós – graduação em Linguística Aplicada, ambas pela UESPI. É autor do livro de contos Paradeiro (2016) e de poesias O exercício do nada (no prelo). Integra várias coletâneas de poesias e contos através de concursos literários pelo país. Junto com o contista e romancista João Pinto, foi fundador do espaço literário virtual Contos entre paisagens (2020 a 2023). É um dos editores do site de Literatura Contemporânea e afins, o site Amaité Poesia & Cia.


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