1.
cai a bengala
rompem-se elos…
absoluto silêncio!
2018
2.
acode o espinheiro –
metáfora pra dor
tranquila a flor respira…
2015
3.
mistério da noite:
sim, a luz!
ela brinca com as sombras…
abril/2019
I
Distante, aqui, resisto
neste
poço fundo…
Sondo: tem um anel rosado
chamuscando essa crescente
faiscante em branco-lunar…
Encharcado de cintilações
com agulhas furando
meus castanhos baços…
Há quanto tempo não te seguia…
Coisa linda o teu ir crescendo
tão grávida de mistérios e
de repente a arredondar-se inteira
pra abraçar a imensidão escura
sem nem saberes que empurra estrelas…
Piscando piscantes de quase cegas…
Há quanto tempo –
não iluminavas assim este poço fundo?
Rio 2018/ Foto Lua – SML – Tijuca
II. Paisagem…2
Vou e volto, e no vai e vem de pintar flores,
Camuflo manchas no teto.
Não há presença não, eu, tu, nem eles…
De olho no teto só poros, pele esfolada.
Isto sim!
Não, é não, sim!
As formigas passam…
Dióxido de carbono se mistura e entra cheiro-podre:
Obstrui as narinas,
Exausta fecho os olhos
(as formigas avançam ao jeito de formigas):
Viro sobre o lado direito e levanto…
2016/ Rio/ Botafogo
III. Versão de árvore…
Um quebra-cabeça,
a árvore e o muro
segurando os portões daquela casa:
luz-nublada suja os seus verdes altos
raiz torturada pelo cimento!
Invade o cerne do tronco,
tortuosa não abandona as folhas
enrosca e se desenrosca fina feito cipó:
desde fiapo de raiz invejava o tronco…
Atrofiou-se inventiva pra ficar frondosa,
troncuda, esgalhou-se simpática
acortinando folhosa às janelas pelo lado de fora.
Lá de dentro da casa
os sonhos vigiam:
a respiração das horas
(entre os vãos azuis)
ninando os verdes tenros…
2018/Rio/Tijuca
Sonia Moreira Lobato – A paixão pela escrita era um sonho, até resolver desencanta-la através de exercícios diários. No Facebook as postagens ganharam incentivo. Recentemente foi “autor convidado” da http://translittera.blogspot.com a convite de Cleber Pacheco. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, no Espirito Santo reside no Rio de Janeiro desde 1961; onde realizou a formação em Artes complementada pela UERJ, sendo uma das fundadoras da Associação de Arte Educadores do Rio de Janeiro – AERJ.
Nasci em 11 de julho de 1945 pai mineiro de São João del Rey e mãe cachoeirense. Divorciada. Fui casada 25 anos. Tenho três filhos homens e sete netos: a menina é a número 7. Minha formação na verdade se realiza literalmente através da Artes: Escolinha de Arte do Brasil em 1962 IBA já no Parque Lage de 1967 a 1969 – Complementação Pedagógica em Educação Artística na UERJ – 1985