3 poemas de Ana Paula Olivier

Ilustração: deviantART
Deixou o raio
o quarto
o risco
e se foi com a dança
de apanhar gravetos
Deixou o raio
o quarto
o risco
E esse vício tão sublime
De brincar de abismos.
*
Óperas me salvam.
Tenho febre e não grito.
Do desejo. Da ópera.
Músicos não choram. Gastam-se
em melodias. São lágrimas, eu sei.
Do desejo. Da ópera.
Tenho febre e não grito.
Ele toca, eu contemplo.
Tenho febre e não grito.
Ele toca.
*
Balada de Chopin
no quarto aceso.
Alguém não morre
mais
exercita o amor
sobre o tempo.
Ana Paula Olivier nasceu em Natal (RN) em 1971 e está radicada em São Paulo (SP) há dezesseis anos. É licenciada em Letras pela Universidade Potiguar (UNP-RN) e é mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC (SP). Também é atriz e escritora, com diversas prêmios literários e participação em antologias poéticas publicadas no Brasil. Foi inspetora concursada da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte (OSRN/Fundação José Augusto). Desde 2007, é professora de ensino superior (Literatura Portuguesa, Literatura Brasileira, Produção Textual e Formação de Leitores – Letras e Pedagogia) e doutoranda em Ciências Sociais pela PUC (SP). Publicou Infinito sobre o peito (poesia – Editora Penalux – 2017). A Escritura Desejante de Hilda Hilst será seu próximo livro, também pela Editora Penalux (2018).

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