3 poemas de Lourença Lou




de venda na alma
finge não perceber
o batom borrando a cara
os dentes em sua bunda
um salto quebrado na parede
o sangue entre as pernas
a dor no canto do peito
a vergonha de se olhar
finge que não faz falta
aprender a se respeitar.



cantiga para ciclos anunciados  

rasgarei todas as roupas
ferirei o rosto
com o sal das minhas lágrimas
no silêncio do adeus
olharei o amor
escorrer por entre as pernas
mas o tempo
com suas chuvas e sol a pino
com seus abraços e nós górdios
replantará em meu corpo
as flores carnívoras
de um desejo que nunca morre
amores existem
para adubar qualquer terreno
até mesmo as frestas
desta antiga calçada
onde escreverei a solidão dos meus pés.


desajustes metalinguísticos

sou poeta
de arritmias colhidas
em jardim de asfalto
antes fértil
em vidas povoadas
hoje irrigada
com sangue e segredos
dos corações de estátuas
– exaustões
talvez um dia
de tanto me descrever
em poemas inócuos
e desajustados
imaginados
em murmurantes salas de espera
vire um verso de pé quebrado
pichado
do lado de dentro de um muro qualquer
– eternidade.




Lourença Lou é mineira, formada em Letras e pós-graduada em Administração Escolar.Publicou dois livros de poesia pela Ed. Penalux, participou de inúmeras coletâneas de poesia e de contos, revistas literárias, sites de crônicas e suplementos literários de jornais. Escreve porque esta é sua forma de dar vida aos seus silêncios.
Contato: loulourença@gmail.com//www.facebook.com/loulourenca


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