4 poemas de Marli Andrucho Boldori

 
Ilustração:  davor B
 Acasalamento

Andorinhas fazem voos rasantes
Dançam no ar
Para que a fêmea
O admire  e a escolha seja feita
Tudo certo, o ritmo a cativou
Num porongo escondido
Seu ninho garantiu
Os voos continuam menos rasantes
Para proteger
Os pequenos que nasceram.
 

A explosão da vida

Um ruído
De algo que caiu
Era  uma semente
Que se abriu
Explosão
O vento espalhou-a
Passado tempo
A semente germinou
E aí, uma grande árvore surgiu
Dentro da semente
Dorme
Toda a natureza.


Amarga constatação

Olho e sinto
O líquido quente e salgado
Desce em meu rosto
Queimado pelo sol do sertão
A fome me sustenta
Há tempo não sei o que é refeição
Será que não mereço comer
A pele que cobre meus ossos
Encolhe a cada dia
Pareço ter a idade de Moisés
Mas sem as habilidades dele
Não consigo mais viver
Onde está, oh, meu Deus?

Acabaram-se as lágrimas
Meu corpo secou.


Lembranças

Sou como a terra morta
Os frutos já não crescem
A seiva secou
A tristeza e mágoa
Alojaram-se nesta terra
Que nada produz,
Mas ainda tenho percepção
Havia vida em mim
E à luz fiz nascer
Seres que hoje
Deixaram-me na escuridão
Minha sina
Secar aos poucos e partir.

 
 
 
Marli Andrucho Boldori nasceu em União da Vitória, Paraná, cidade gêmea de Porto União, Santa Catarina. Graduou-se na FAFI/UNESPAR, União da Vitória em Letras / Inglês. Pósgraduou-se em Produção de textos pela FAFI/UNESPAR. Acadêmica da ALVI, Academia de Letras do Vale do Iguaçu, de União da Vitória. Acadêmica da AVIPAF, Academia Virtual Internacional de Poesia, Artes e Filosofia. Colunista do Jornal Caiçara de União da Vitória. Lançou um livro em 2015, Pensando a Vida.  Participou de diversas Antologias e exposições culturais.

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