
Melodia insidiosa,
Flui do sangue e gera um sol,
De lágrimas.
***
Um toque,
Mãos dos olhos,
Abertas na mente-sacrária.
***
Vozes noturnas,
São silêncios dos corpos,
Que no sono entenderam
As luzes que cantam.
***
Hoje,
Um céu de profundo,
Um vento-diáfano-azul,
Pare o mistério da luz,
E um sol novíssimo, incessante,
Queima a alma,
Forjando ermos eternos.
***
Dois olhos se tocam,
Se despedem, e se guardam na noite do peito.
Fogem libertas, como uma estrela em lágrimas,
Sublimes,
Concretizando o amor na terra-mistério.
Dois olhos se abrem,
O instante,
Fecham-se na morte,
Mesmo instante da eternidade.
Tua paz é a arma,
Invencível,
A única que rompe o aço da noite
EPÍLOGO
Nas imensidões frias,
Nos espaços ermos, sem tempos,
A melancólica música
Cósmica reitera seu ostinato,
Milagroso, reverberando
O sonho alerta e acesos do mistério,
Ali onde cansadas das bilhões de lutas e
Explosões os dramas nos espaços
Incognoscíveis da matéria escura,
Da energia escura derrama sua profundidade,
A da eternidade gélida, a dos ventres dos corpos
Universais de carne,
Prontos a dançarem,
Não contidos, com os fogos e os gelos,
Estremecendo ali a oração da elegia cósmica,
Que engendra no som a pedra da energia,
A gema da mente, a que pulsa sabedoria,
E Iniciada e tardia,
Recolhe a valoração
E a transvaloração, que nomeia o ente perfeito,
Nesta terra sob os pés, nesta terra de pulmões,
Nesta terra de um,
Nesta terra de todos,
Nesta terra dos sangues e músculos,
Nesta terra dos Intactos e absolutos,
Rodopiando nos climas cíclicos,
Belos de derramar formas,
De suavizar visões,
Para proteger os olhos,
Os órgãos oraculares do amor,
Que entronizam o espargir
Da máxima, da impossível força,
Que eleva o natural,
Que flui o transformar da memória,
Apagada no pulso do rio do agora,
Para receber o presente como
Um recém-nascido,
Que canta em milagres
A energia dos confins,
Que purifica o acender,
Que sagra forças,
Para reter a morte naquele
Ponto primordial,
Que fará da vida o anúncio,
Do homem que valora,
Com as mãos incólumes e
Invioladas,
Com a mente vibrante de contrastes,
Que dramatiza,
Que recobra seu sopro heroico,
Que tomba, mas forja,
Um diamante do infinito,
Um único,
Ainda mais infinito,
A cada lapidar bruto.
Mais cognoscível em seus
Recolhimentos,
De sua safra audaz de terra e corpo,
Reconquistado,
Na alma amados,
Em teus astros do peito
Que entoam crepúsculos
E auroras de teus céus.

Andrey Luna Giron é poeta, músico, maestro, artista plástico, fotógrafo e budista. Tem 5 livros publicados de poesia – Cósmicas pela editora Protexto, Claritas, Mistério Aceso, Do Fundo Da Palavra e Terra Celeste pela editora Insight. Participou das Coletâneas 100 Anos da Semana de Arte Moderna e Amazônia em Prosa e Verso da AIAP Brasil. Gravou CD de música clássica contemporânea com composições próprias com o grupo Ethos Fractallis realizando concerto de lançamento no Museu Guido Viaro e distribuído nas mediatecas de Paris. Fez trilha sonora para cinema e tem várias composições orquestrais e para piano. Trabalha no Museu Guido Viaro onde faz recepção, monitorias e palestras semanais sobre cinema no Cineclube Espoletta deste Museu. Fez palestras em diversos locais como o Centro de Letras do Paraná, a Academia Paranaense Feminina de Cultura e o Instituto Neo Pitagórico. Realizou exposições de pinturas e fotografias em diversos locais, publicou artigos e ensaios fotográficos em edições da revista Ideias. É membro do Centro de Letras do Paraná, da Academia Intercontinental de Artistas e Poetas e da Academia de Letras do Brasil (Seccional Paraná).