7 poemas de Vanice Zimerman

Capa: Vanice Zimerman

IINCAUTOS MORANGOS

 

De manhãzinha,

Antes, que a borboleta azul

Visite a floreira –

Incautos morangos

Ainda, sonolentos

(Adormecidos)

Deixados à mesa,

Num prato branco de ágata

Ao lado da xícara:

Àquela… com a pintura

Incautos morangos

Um deles tem o formato

  De um coração,

   Tão doce – macio

      Aquieta – entre meus lábios

        Entrega – se…

   Incauto coração

Natureza – morta

(Bucólica paleta)

 

  “RODA DE FIAR”

As lembranças tecidas em lãs,
Algodão e linho aquietam-se
E observam a antiga roda de fiar,
Transformando a palha em ouro –
“Rumplestiltskin”…
A roca
Lembra o leme de um barco
Roda da Vida, num contínuo movimento
De fibras em fios,
As mãos invisíveis do Tempo
Ainda permanecem
A mover a roda de fiar – tecer destinos
Delicados fios entrelaçando
Sonhos e vida –
Enquanto,
Uma, curiosa, gota de sangue
Desliza no fuso…

 

TEXTURAS

Aconchega-se
À toalha de seda lilás
Ao bule branco,
Mesclam-se luz e sombra
        Em dobras,
   Tecidas na delicada seda –

Um labirinto…
    Ao toque da porcelana
A sensação
      De uma atemporal imagem,
   Uma tela, um devaneio –
Saudade.


RISCOS E RABISCOS

Riscos
    Na mesa de madeira,
      Rabiscos nos tijolos
Do fogão a lenha…

Desenhos no vidro
Nublado da janela,

Linhas curvas e retas
 Na cadeira de palha

Marcam presença,
Pincelando ausências,
 Enquanto a chuva risca
 Mais um fim de tarde…

 

AS MÃOS QUE COLHERAM AS UVAS…

Feito, finas rendas que com o tempo
Tornaram-se translúcidas e, aos poucos
Desapareceram,
As mãos que colheram as uvas,
Permanecem vivas, pulsando
Nas lembranças de outras mãos
Colhendo uvas em um antigo ritual
Árduo e encantado,
Mantendo a tradição de colher com cuidado e,
Carinho, e assim extrair
Dos doces cachos, o vinho…
As mãos que colheram as uvas,
Vivas permanecem em vinícolas,
E na solitária garrafa escura, ao lado do queijo,
E também, em telas
E no olhar de quem, curioso
As observa ao alcance das mãos
Em um fim de tarde, repleto
De cores, amor e silêncio…

 

PRENÚNCIOS

Sensível, o olhar
Pausa na fonte
Repleta,
De folhas do plátano,
Sinto a poesia
E solidão do cântaro…

Distancia-se o pensamento,
O vento sussurra teu nome…
E, nas esmaecidas  e  diáfanas cores
De mais um pôr do sol –
Prenúncios de Saudade…

 

AQUECE-ME

Noite fria –
Na quietude do chá
Acomodado à xícara
O doce toque

(Gosto)
Dos teus lábios –
Aquece-me

 

Poemas de Saudade… de Vanice Zimerman e Gustavo Henao Chica.

 


Vanice Elizabeth Zimerman, nascida em Curitiba – PR (09/12/1962). Formada em Letras Português/ Inglês, Escritora, Artista Plástica. Participa de 97 Coletâneas entre elas: 2015 a 2021 – CONEXÃO – Antologia de Haicais: 23. Samoborski haiku susreti – Darko Plazanin – Samobor Haiku Meeting (Croácia: 2015 a 2021) e  KABOCHA 2016 – Livro Poemas & Imagens (Instituto Memória). Em 2018, Antologia – Espaço Cultural Coreto. Participa da IWA; Membro da Academia Poética Brasileira (APB), Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia (AVIPAF). Participa do Livro de poesias Saudade… Lançado em agosto/ 2021(Vanice Zimerman e Gustavo Henao Chica (Colômbia).

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