correr de leão
chega-te rápido o destino
–e o corpo ?
desdenhar de camaleão
destino por um século
– toda a energia!
é feito de magia
o caminho o tempo
o respirar o fôlego
vida profissão é
ESTRATÉGIA DE JOGO
vozes deste chão
banham na pele dos séculos
cheiros vestindo ventos
de volta trazem ilhas
ecos das durezas
pintar céu com sonhos
luz vertida na carne
madrugada rítmica o tempo
relógio de estrada com alongados calos
chão e sonhos na estação
nenhum tempo abraça comboio
locomovem com elos ecos
loucos movem vozes seculares
caminhos línguas cheias de mar
e saudades nas cartas do chão
são sombras são sombras
são só sombras nas mãos da madrugada.
PINTURA DOS ECOS
Se o batuque ouvires tocar
morreu pássaro
Azeda o mel
apodrece o (m) ar
o vinho
sem sal
Se ouvires e vires
a mulher cá regada com dois dedos
acredite… não está cá Deus
SUBLIME ACÇÃO
cavar caminho duro
fazer sexo com mulher vivida
encontro é com Nimi-a-Lukeni
ninguém entende como se voa
… mas voa-se!
dor(m)indo nas nuvens
das mil posições para fazer deus
corpo posicionado na musica
dança dançando lume
mulher é 1 código penal
100 escritas
NESTAS CURVAS RIO
O céu brilhava
nas paredes do peito
trazia-se uma mulher
madrugada desdenhava cinzenta
em forma de lume escrevia o corpo a tesão
eram quentes abraços à zebra
de beijo o forno
via mulher despir nuvens
céu infalível sonho
toquei com os olhos toquei com coração
mulher estrada de arte sabe ser poesia em toques
hemorragia sonhando em todo corpo… perdi a noite
HUMI(L)DADE NAS ROCHAS
sigo desfazendo estradas
nos braços dos lábios nàlma dos olhos
construIR de vez o futuro do passado
cantar a prosa grudada na pele
desta firme carne vou
os olhos no fazer dàlma
minha pele no fazer da emoção
as marcas no fazer do tempo
a poesia a rabiscar desfeita
inundar o passado de cores
destruIR na lua
a casa desenhada por rios
colocar a estrada imensa
faróis estrelas lâmpadas
jogo de brilhos no mar próximo vou
aos cantos iguais à madrugada
na mesma velocidade da volúpia
com timbre de grilho brilhar
dançar na tanga desta estrada nua
beijar com os ombros o pensamento
de volta trazer amor trazer de volta sonhos
na consistência consistente da consciência
VELOZ MUNDO MEU RELÓGIO
o lume segue
vó(z)és deus
céu aberto
coito
o lume dorme
voa dor corpo
pintada noite
cor embriagando tempo
o lume ar
D
sem se ver
os sonhos os mortos
CICATRIZES
há um pássaro sem canto
há um mil por aí
sobre vivem cantando
há um por aqui
se cantar pecado é
quebra o chão
paredes sombras noites
o perfume das raízes novas
– ntoyo
menino sem gravata de mil cores
REPÚBLICA
Poemas de “A Pintura dos Ecos”, vencedor do prémio literário António Jacinto 2019.
Ilustrações: Antonio Olé.
Ema Nzadi, pseudónimo de Emanuel Vieira Cambulo, natural da Província do Zaire, municipio do Tomboco, escritor. Membro do movimento Litteragris. Livro publicado: Pintura dos Ecos, vencedor do prémio literário António Jacinto 2019. Textos publicados: Antologia Nós e a Poesia, Resvista amaitepoesias.blogspot.com Coletânea lusófona de poesia e prosa poética ( Delírio de Inverno), Antologia Entre Palavras. Revista Palavras & Arte