ETC
caminhos oxigenados de dissonâncias
alternâncias e silêncios
pavimentados de estreito vernáculo
vidente em nova florada ao deus danificado
incorporado no carmim carmesito de vestais e moldes
casuais e pequeninos moldes em seres seriais
(ato contínuo um flerte da lua em constipação com saturno)
vácuos e self-service na servida sevícia mesa da antessala
da corrida do poder (modos tão métricos e medidos em tempos
de infinito) e o que segue o que crê e as efusões a noroeste
e o fluxo a anima e o aéreo do sol e sua sombra de muita luz e etc e etc e etc ….
ARRANJOS
permaneço – entre o plano e o aéreo
seguindo, por entre curvas , o traçado rasteiro
de raízes vivas da mata e ar
é volátil e vertical o assobio que reclama
um mergulho cinza e consciente
mareado de ruídos rarefeitos comprimidos – quase astutos
regrados na medida débil debilitada
apagando-se no ósculo
recriando-se por um lampejo
miradas oniscientes de marujos de longa estrada
– extraviada no arco amplo e inclinado dos palmos
agrilhoados das munições e arcanjos –
viadutos ao longo da cúpula recitam vinhedos e rochedos
calmaria ventania esperanto de luz e dor
dormente dual de muitos renascimentos
e morrentes e morredouras e ápices alongados de cruz e arranjos.
MEIO CÉU
na releitura de cada passo ainda o viés sofisma
– dúvida em um aprendizado de vogais vacilantes
estremecidas no púlpito fugidio de alguma certeza
qual compasso desafinado emerge o cântico sem soberba
– e sem espanto – dos 9000 estigmas entrelaçados
alvoroçados abonados de suspiros e suspirantes hinos
lançados a bordo do primeiro voo que se encrespa de pudor
nas primeiras sílabas de entendimento
conhecimento esse sem redondos e arestas que não se atomiza
em teses reflexões ações ou perdões
é só um item de terno espanto enfim é outro modo
metáfora rútila aberta a novos rompantes (condicionantes)
fresco andor de planar contínuo em um meio céu de formas sólidas
ou cambiantes ou não se expõem – ainda – aos teus modos e santos
repete-o em cada cinco pontos enquanto se enfia tua mente
para a fogueira mais lúcida e cabisbaixa desse encontro.
A SEXTA HORA
o umbral escamoteia a feroz multiplicidade
invasiva e tenaz – talvez alheia, talvez disforme
em sua conexão sem fábulas ou heróis
a sexta hora ou o beijo sem cálice
interno novamente o esmalte que se decompõem
ou vivifica ou petrifica esse voo (lúcifer?)
paradoxal esperança de continuidade
que se ajoelha e notifica o vetor giratório
de algum novo deus ainda crucificando a vítima
tua mortalha espalhada no espelho do primata
mito e razão no carro que não é teu, apenas segue o atrator.
JANDIRA ZANCHI (A Sexta Hora, Urutau)
Ilustrações: Leonor Fini
Respostas de 2
As imagens sonoras é de fato uma liberdade dominante na poesia de Jandira Zanchi. A conivência entre significados e significantes numa frequência neo
– simbolista sem atalhos para o preciosismo. O leitor de movimenta no recurso imagético – visual, sente dançar a percepção auditiva e percebe discursos que a poesia insinua em seu poema – canção. Isso, pois, em tempos de rápida e mutante racionalidade virtual, a poética quer afinar e desafinar o coro dos contentes.
Obrigada, Monteiro, você é um excelente leitor.