PAÍS FAVELA : JANDIRA ZANCHI

 

O brasil é um país favela (as comunidades que me desculpem), as lavadeiras estão em todo lugar, até representam, em alguns momentos, a “alma” brasileira. Os dias que correm estão aí para quem duvidar. Começa pelo stf (cheio de coleguinhas do pt corrupto) sempre propiciando o terreno da putaria. Congresso? tocado a dinheiro extra (uma espécie de bolsa deles). A imprensa? credo, nem existe mais como vínculo de informação, apenas como intérprete de alguns dados (interpretação parcial, interesseira). Partidos são m. única, o processo de governo quase sempre é tocado a base de compra e venda de indivíduos, empreiteiras, empresas. O público, dito eleitores, quando tem alguma instrução, também se move pelos seus interesses, sejam das pequenas verbas culturais, espaços de seus ócios e possibilidades de ganhos e ascensões. Cegos sem cura, gado manipulado e, algumas vezes, conivente. No poder um sujeito esdrúxulo, mas, que enfrenta a máquina. Lastimável? mais ou menos, saí um tio corrupto, mas , simpático e que levava ao cinema,  entra um tio falastrão  que se aconselha com bons técnicos. Pouca perspectiva de inteligência no poder e na plateia.

Os poetas, ditos seres sensíveis, tem  o hemisfério lógico do cérebro desenvolvido de forma inadequada. Conservadores, são manipulados por instituições, academia de letras, universidades, muitos estão preocupados em construir carreiras nas letras, na imprensa (o que seria normal visto suas formações e habilidades). Com o inconsciente livre e pouco dirigido por processos abstratos soltam a franga lavadeira em suas disputas, competições e constantes invejas. Também veem pouco mais de um palmo a frente de seus narizes no que tange aos mecanismos que divulgam seus trabalhos. Mallarmargens, maior revista literária digital brasileira desde 2012, é o melhor retrato da roupa suja da poesia brasileira. Nos dois primeiros anos foi efervescente, com poetas, em sua maioria originários da região sudeste, em clima de muita liberdade, sem nenhum tipo de censura interna a temas, linguagens ou modos de apresentação. Foi riquíssima. E baixíssima nos bastidores.  A disputa interna dos mallarmargos pelo conselho e administração da revista foi terrível. Acabaram por acuar a fundadora, afastar alguns talentos da colaboração e criar um clima ácido, de desconfiança entre os mais atuantes. Nos dois anos seguintes colaboradores mais técnicos e tranquilos, fundadores e novos, mantiveram a revista funcionando com um mínimo de 1500 a 2000 acessos diários .  O processo de curadoria passou a funcionar muito mais do que o de edição, aonde se entende edição como a leitura de e-mails para colaboração, e curadoria como a pesquisa e acompanhamento de talentos. A revista se tornou uma mostra da poesia brasileira, mantendo o clima de liberdade de linguagem e apresentação. Quatro anos depois de sua fundação, 2018, um dos editores, que se auto elegeu como editor chefe e não atuou nesse período (por isso nenhum email era respondido), fez cortes no conselho e na administração da revista. Como já havia feito antes, quase sempre na surdina, manipulou conselho e administração de forma a não sofrer ameaça ao seu “poder” pessoal. Estava usando o mérito dos muitos colaboradores para criar para si uma imagem de editor inovador e perspicaz frente a instituições, conservadoras, claro. O dito editor, que usa pseudônimo, é um arquiteto bem sucedido. Com a cabeça capetalista dos eternos chefinhos acabou, a princípio, com a assinatura individual de conselho e edição (talvez para ninguém perceber que ele fazia quase nada). Quando se “antenou”  deixou novamente serem identificados os autores das postagens.  Não sem antes ter o cuidado de chamar colaboradores obedientes de forma a vigorar por aquelas páginas, antes incendiárias e democráticas, o tom que lhe agrada, mais conservador, sem linguagem chula, controlado.

Boa poesia vem vindo a tona por diversos portais digitais, e muitos são inspirados no estilo de mallarmargens. Um estilo simples de apresentação, meio imbatível. Agora, pergunta-se aos poetas e editores que estiveram fora do processo de elaboração de revistas digitais de melhor difusão,  fazem alguma ideia do que ocorre nos esquemas ligados à divulgação, publicação e curadoria em poesia? Não, não fazem. Em política é a mesma coisa. A apresentação para o público é uma, a realidade é outra.


JANDIRA ZANCHI


				

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