CIRCO: JANDIRA ZANCHI

Ilustração: Hieronymus Bosch
 

credor da ilusão corre sem feitos esse tempo de discursos

emaranhados nos fios de ritos apocalípticos e políticos

misturados a programas ideogramas pentagramas


artimanhas sem a malícia de alguma manha

só façanhas – tão tacanhas

apostas de cálice vazio/entropia e misantropia


barganhas nos dados impostura nos fatos

bagunçados por alvoroço e metamorfose

estampados em chamadas – mídias corrompidas

quase banidas da feira das verdades


crédulos sisudos compostos em suas barbas

(mais molho e engodo na cartilha mal assimilada

estuprada fraseada de espantos e fandangos)


enfim uns cozidos espevitados manuseados

em todos os verbos e provérbios vomitados

nas redes de tocadores ambulantes e fraseadores

policiados por diretórios inventados e vazados


não tem entre essas formigas amigas nenhum transeunte

apartado ou fadado ao léu ao céu ao mártir ao santo


heróis estão enterrados ou acamados

o teatro dos bonecos mal costurados é mais fantoche

que o circo psicótico dos explosivos mandantes destinados.


JANDIRA ZANCHI

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