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| carne viva |
REMOÇÃO DO CORPO
Amor
Adeus.
Dilacera-me
Um amor
Desesperado
Mas
é
Só amor,
Clangor
Sem
Sorrisos
Amor,
Uma geleira
Uma geleira
De
adeuses
Dilacerados;
Amor
Nos abissos
Amor,
Ao final
Amor,
amor –
amor –
Exterminados.
(Série À
Flor do Abismo)
Flor do Abismo)
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| hipwertipia |
CANÇÃO DA
PARTIDA
PARTIDA
Quero morrer deste amor.
Suave sombra azul de dor.
Tenho uma pedra na minh’alma
Uma tristeza alva e calma.
A vida que continua
Após o amor morto, nua.
O corpo pra suportar
Duro, e o som triste do mar.
Tem o meu grito entrevado
Entre os teus beijos molhados.
E a luz fraca que morreu
No meio de um orgasmo teu.
Minha partida do céu
Branco que o amor prometeu.
Eu parto calando o ardor,
Para sempre, do teu amor.
(Série Poemas Escuros)
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| palco |
RAINHA LOUCA
Essa artista é um cadáver, número perfeito de
Ilusionismo.
Nasceu para deitar numa caixa mágica
E ser cortada por oito espadas agudas.
Ela dissolveu-se
Num truque de magia
E agora
Sua face não se reflete mais nos espelhos.
Ela criou caixas de fantasmas, luas
E desastres
De plástico,
Depois morreu.
Era tão bonita entre as latas de tinta a
Escorrer sangue
Era uma rainha
Boiando nos seus vidros de Prozac.
A rainha morreu, louca e
Solitária.
Sua cabeça rolou na guilhotina e ainda
Sorriu.
Tudo nela era postiço.
Na verdade
Ela nem existia –
Foi o truque de um ilusionista.
A artista foi um sonho, uma história
Que contaram
Para alguma criança doente.
Seu corpo é só um manequim de louça, sua casa
É uma vitrine
Barroca.
Ela temperou seus quadros e os engoliu.
(Série Livro dos Desastres)
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| suave sonho |
ANSIEDADE
Claridade de leito terminal submerge em melancolia
amarela, lira maníaca de sede
amarela, lira maníaca de sede
Preternatural. Estranheza, langor, fulgor. Pais
Combinados em corpo interno materno levaram a filha
ao eu masmorra, para sempre.
ao eu masmorra, para sempre.
Supereu agora lançou suas garras de aço e morreu.
Só uma frágil flor nasceu no ventre da criança
insofismável, perdida
insofismável, perdida
Entre códigos e papéis, sistemas e arquivos,
Gritando pelo seu day-dreaming, id pleno dissolvido
No malote de entrega pontual aos espíritos dos
mortos.
mortos.
Ansiedade persecutória dá bom dia, bom dia, bom dia
Todo dia, pontualmente entre seis e quarenta e
cinco e nove a.m.
cinco e nove a.m.
Desejo de filhos se foi, os filhos flutuam balões
de gás num céu
de gás num céu
Semovente.
Despersonalidade abraçou a loucura, e dama da sala
dos ventos
dos ventos
se quedou, extática, entre o fracasso e o Deus
raivoso que varreu tudo
raivoso que varreu tudo
para o inferno.
Desintegração; colapso. Dor de cabeça, dor
Reumática, velhice e morte as próximas em linha do
horizonte.
horizonte.
Com um resíduo de perpetuidade e leveza, à espera
Da criança que afoga bonecas e sonha.
(Série Pesadelo)
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| linoleo |
ACALANTO
Anjo que mastiga sonhos azuis, suas
Pequenas sedas quentes
Ardentes como fornalhas do averno,
Deita-se agora, morto e ensebado,
porquinho
porquinho
Liso e nu, afogado
Numa bacia de prata.
Alguém lhe enfiou a cara na água
E apertou sem piedade
Até quase quebrar o pescoço –
Morta agora ela, boiando, bela e
terrível, com
terrível, com
Um rosto azúleo, cianótico, de olhos
Parados e bochecha inchada
Rosa do demônio, loucura exterminada.
Teu vestido branco de noiva pura
Não contém uma nódoa de gordura ou
sangue
sangue
E, no teu cabelo, restos de sêmen
Brilham quais contas de diamante
De uma tiara de princesa bordada com
As estrelas de mil noites –
Salve, Amada! Repousa na tua paz lunar,
O amor é loucura, mas o amor é para
sempre.
sempre.
(Série Sudários Invisíveis)
Ilustrações : Izabella Zanchi
Isabella Zanchi (Izabella Zanchi)/Flor de Maria d’Alma e Saudade
Nascida em dezembro de 1956, vive e trabalha em Curitiba. Frequentou o Curso Permanente deTeatro da Fundação Teatro Guaíra de 1978 a 81, em Curitiba, tendo se formado noCurso Superior de Gravura da Escola de Música e Belas do Paraná (EMBAP/UNESPAR)em 2010.Atuou como atriz, dramaturga e diretora de teatro, migrando nos anos 80 para a área das
Artes Visuais (artista, curadora e orientadora em oficinas de gravura, desenhoe pintura), com trabalhos em pintura, gravuras em metal (ponta seca), linoleogravurae monotipia. Seus trabalhos foram expostos em diversas mostras (nacionais einternacionais), integrando acervos de diversas galerias.Atua ainda nas áreas literárias de poesia, dramaturgia e romance, tendo publicado emantologias poéticas brasileiras e portuguesa, revistas eletrônicas deliteratura, além de um diário pela editora Record (selo Rosa dos Tempos), em 1998: O Garçom B, o diário de um amor sadomasoquista (sob pseudônimo Alma de Assis). Fechou contrato em 2019, com uma editora portuguesa, para a publicaçãode seu primeiro livro de romance poético.
Artes Visuais (artista, curadora e orientadora em oficinas de gravura, desenhoe pintura), com trabalhos em pintura, gravuras em metal (ponta seca), linoleogravurae monotipia. Seus trabalhos foram expostos em diversas mostras (nacionais einternacionais), integrando acervos de diversas galerias.Atua ainda nas áreas literárias de poesia, dramaturgia e romance, tendo publicado emantologias poéticas brasileiras e portuguesa, revistas eletrônicas deliteratura, além de um diário pela editora Record (selo Rosa dos Tempos), em 1998: O Garçom B, o diário de um amor sadomasoquista (sob pseudônimo Alma de Assis). Fechou contrato em 2019, com uma editora portuguesa, para a publicaçãode seu primeiro livro de romance poético.
IZABELLA ZANCHI
almadeassis@gmail.com
Respostas de 2
Obrigada, minha irmã. Excelente a revista, parabéns!
Obrigada eu, Iza, a boa poesia é sempre bem vinda por aqui e quando é de uma irmã melhor ainda!