
Ilustração: holy spirit/Alexandra
Curvo-me sobre mim mesmo,
e uma água turva
escorre entre meus dedos,
despejando um filete firme
sobre um lago sacro.
e uma água turva
escorre entre meus dedos,
despejando um filete firme
sobre um lago sacro.
Mais ao longe, frágeis
Dédalos alçam voo plácido,
erguendo seus rostos pálidos
para o céu, como livres
e cálidas libélulas dóceis.
Dédalos alçam voo plácido,
erguendo seus rostos pálidos
para o céu, como livres
e cálidas libélulas dóceis.
Sobrevoam os edifícios,
em volteios fáceis e límpidos.
Mas o sol inclemente
os fará deslizar até a superfície,
despedaçados e atônitos.
em volteios fáceis e límpidos.
Mas o sol inclemente
os fará deslizar até a superfície,
despedaçados e atônitos.
Tudo será breve, e a cera
dos tempos irá se misturar
ao lodo perpétuo. Quimera.
dos tempos irá se misturar
ao lodo perpétuo. Quimera.
Mãos, asas e águas
permanecerão uma única
e mesma coisa: planura
úmida e fértil
para a perpétua continuidade.
permanecerão uma única
e mesma coisa: planura
úmida e fértil
para a perpétua continuidade.
Leopoldo Comitti nasceu em Rio Negro – PR, em 03 de abril de 1956. Foi Professor Adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto, onde, além das atividades de ensino e pesquisa, também se dedicava formal e informalmente a oficinas de criação poética. Lá publicou Fundo Falso, seu primeiro livro de poemas. Obteve uma Bolsa de Escritores da Biblioteca Nacional, em 1999, na categoria de Poesia, com Por Mares Navegados. Foi também premiado, na mesma categoria, no IV Festival universitário de Literatura, com Jardim Inóspito. Em 2012, publicou O Menino Debaixo da Mesa (poemas), e Natureza Morta (romance). Lançou em 2014 o livro de poemas A Mordida do Cordeiro, pela Editora Patuá.
Uma resposta
Um poema belo e profundo.