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Capa: Vanice Zimerman |
IINCAUTOS MORANGOS
De manhãzinha,
Antes, que a borboleta azul
Visite a floreira –
Incautos morangos
Ainda, sonolentos
(Adormecidos)
Deixados à mesa,
Num prato branco de ágata
Ao lado da xícara:
Àquela… com a pintura
Incautos morangos
Um deles tem o formato
De um coração,
Tão doce – macio
Aquieta – entre meus lábios
Entrega – se…
Incauto coração
Natureza – morta
(Bucólica paleta)
“RODA DE FIAR”
As lembranças tecidas em lãs,
Algodão e linho aquietam-se
E observam a antiga roda de fiar,
Transformando a palha em ouro –
“Rumplestiltskin”…
A roca
Lembra o leme de um barco
Roda da Vida, num contínuo movimento
De fibras em fios,
As mãos invisíveis do Tempo
Ainda permanecem
A mover a roda de fiar – tecer destinos
Delicados fios entrelaçando
Sonhos e vida –
Enquanto,
Uma, curiosa, gota de sangue
Desliza no fuso…
TEXTURAS
Aconchega-se
À toalha de seda lilás
Ao bule branco,
Mesclam-se luz e sombra
Em dobras,
Tecidas na delicada seda –
Um labirinto…
Ao toque da porcelana
A sensação
De uma atemporal imagem,
Uma tela, um devaneio –
Saudade.
RISCOS E RABISCOS
Riscos
Na mesa de madeira,
Rabiscos nos tijolos
Do fogão a lenha…
Desenhos no vidro
Nublado da janela,
Linhas curvas e retas
Na cadeira de palha
Marcam presença,
Pincelando ausências,
Enquanto a chuva risca
Mais um fim de tarde…
AS MÃOS QUE COLHERAM AS UVAS…
Feito, finas rendas que com o tempo
Tornaram-se translúcidas e, aos poucos
Desapareceram,
As mãos que colheram as uvas,
Permanecem vivas, pulsando
Nas lembranças de outras mãos
Colhendo uvas em um antigo ritual
Árduo e encantado,
Mantendo a tradição de colher com cuidado e,
Carinho, e assim extrair
Dos doces cachos, o vinho…
As mãos que colheram as uvas,
Vivas permanecem em vinícolas,
E na solitária garrafa escura, ao lado do queijo,
E também, em telas
E no olhar de quem, curioso
As observa ao alcance das mãos
Em um fim de tarde, repleto
De cores, amor e silêncio…
PRENÚNCIOS
Sensível, o olhar
Pausa na fonte
Repleta,
De folhas do plátano,
Sinto a poesia
E solidão do cântaro…
Distancia-se o pensamento,
O vento sussurra teu nome…
E, nas esmaecidas e diáfanas cores
De mais um pôr do sol –
Prenúncios de Saudade…
AQUECE-ME
Noite fria –
Na quietude do chá
Acomodado à xícara
O doce toque
(Gosto)
Dos teus lábios –
Aquece-me
Vanice Elizabeth Zimerman, nascida em Curitiba – PR (09/12/1962). Formada em Letras Português/ Inglês, Escritora, Artista Plástica. Participa de 97 Coletâneas entre elas: 2015 a 2021 – CONEXÃO – Antologia de Haicais: 23. Samoborski haiku susreti – Darko Plazanin – Samobor Haiku Meeting (Croácia: 2015 a 2021) e KABOCHA 2016 – Livro Poemas & Imagens (Instituto Memória). Em 2018, Antologia – Espaço Cultural Coreto. Participa da IWA; Membro da Academia Poética Brasileira (APB), Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia (AVIPAF). Participa do Livro de poesias Saudade… Lançado em agosto/ 2021(Vanice Zimerman e Gustavo Henao Chica (Colômbia).
Respostas de 2
Boa noite Jandira, agradecenos a linda divulgação!Parabéns pelas publicações!Abraços, Vanice.
Feliz em poder divulgar tua poesia, amiga, sucesso!