Poesia é arrependimento.
Bifurcamento onde os apegos permanecem na estrada oposta.
E nós seguimos pelos caminhos escuros, pisando pedras vivas.
Esperando por dentes cortantes.
Ouvindo ao longe os gritos apagados do desejo e do amor.
 
Seguindo. Arrastados pelas palavras,
Conduzidos ao rio das consequências,
Onde o acaso e a correnteza criam sensações,
Fazem nascer pressentimentos,
Para finalmente desaguarem no oceano sem bordas,
Onde a força dos elementos é maior do que tudo que SOU.
 
*
 
O Brilho das estrelas deságua sobre meu desespero.
A transparência das lágrimas molha as sombras da noite.
 
*

As lágrimas secas abrem gaiolas e deixam os pássaros sair.
 
*

O homem olha para o azul e aceita o tempo.
Então percebe a própria falta de tamanho.
Maldiz eternidades enquanto assiste às mudanças espelhadas no lago.
O vento amassa os dias, e sobre seu olhar inquieto, separado do corpo,
Percebe um céu sem fundo, que em algum ponto deve emendar-se com
Significados.
 
*

Na estrada vazia caminha um homem repleto.
Com o passar do tempo, tudo o que carregava foi ficando pelo caminho.
Na estrada repleta, outro homem descobre surpresas efêmeras.
As sombras ensolaradas não tem começo.
Os sonhos ensolarados tem o cheiro da vida.
Os olhos serenos libertos de apegos, enxergam lua e sol.
Os pulmões independentes escolhem cada um seu destino.
A alma percebe o instante, para então distinguir dentro dele,
O que já aconteceu com aquilo que ainda o fará.