3 Poemas Lusitanos de Rubenio Marcelo na Ótica Ensaística de Ana Maria Bernardelli

Ilustração: Olívio Ataíde


NA RIA DE AVEIRO
 
Ave, Aveiro!…
haveria enlevo assim
em outro canto!?
 
E neste tanto de calmaria,
neste recanto
vem-me sempre em antecanto
um acalanto em coautoria
                    com a tua Ria…
 
Ah, Ria de Aveiro,
laguna em textura de dádiva,
na salinidade dos teus braços
quase esqueço que há guerra lá fora
e me deixo ser um ser
sem a cota de intervenção do cotidiano…
 
Aqui eu canto e me reencontro
 [descalço, qual um peixe original
  fiel às pedras e sargaços]
                       e em disciplina plena
embarco em um dos teus compridos moliceiros
e pressinto pulsantes ideogramas…
no âmbito dos teus canais, teus ramais
e rotas-aortas…
 
E o barco me acolhe,
acenando com elegância para o coito das águas
e traduzindo elegias, fábulas, parábolas
em símbolos-painéis e planos
moldados em pinho
e ao sabor das acrílicas inscrições…
 
Aqui, meus olhos são reticentes faróis
que buscam entender num mesmo silêncio
destinos de flamingos e a aquarela da paisagem…
Nesta policrômica abstração
vejo traços que transcendem cores e legendas
a bordo e a estibordo
da geometria de cada instante…
 
E assim, nestas líquidas flamas
e atento às singraduras do âmago,
sinto-me em uma grande nau viajora
[não aquela proa de sortes perdidas,
 mas esta de voga irrevogável
 e de leme em serena sintonia
 com os pássaros da minh’alma]…
 
Ah, Aveiro…
para cá, certamente eu voltaria
e voltei…
e haverei de voltar um dia
para este porto… e parto…
– aqui tem tudo a ver:
                 tudo Aveiro!
 
 Rubenio Marcelo
            (Aveiro – Portugal, 2018 e 2022)


“Na Ria de Aveiro” de Rubenio Marcelo na ótica de Ana Maria Bernardelli
 
E o poeta Rubenio Marcelo agora contempla Aveiro, cidade da costa oeste portuguesa, onde ele esteve algumas vezes, em viagens, inclusive no ano de 2018, quando – a convite – esteve na renomada Universidade de Aveiro, onde lançou livro autoral (Vias do Infinito Ser) e integrou mesa literária no Departamento de Línguas e Cultura da referida Instituição de ensino superior.

Aveiro, a ‘Veneza portuguesa’ e sua representativa Ria: esta é uma laguna que se formou na cidade, com vários canais onde os moliceiros – barcos coloridos com proa e popa recurvadas – transportam os encantados turistas por belas paisagens povoadas de aves marinhas, de gregários flamingos e muitos outros pássaros atraídos pela fartura do mar.

Miguel Torga, expressivo poeta português, diz em seus versos sobre Aveiro: “Campos de Aveiro/ Manchas de arroz, / E a vela dum barco moliceiro/ que um pirata ali pôs. /A servir de moldura, / O velho mar cansado;/ E um céu alto e a ter fundura/ Na quilha reluzente de um arado.”

Assim como Torga cantou os locais aprazíveis de Aveiro, Rubenio Marcelo, poeta e viajor brasileiro, cujo coração pulsa também nas cores lusitanas, não poderia deixar de timbrar sua marca poética e eis que nos apresenta o poema “Na Ria de Aveiro”.

Ao tratar criticamente um objeto/poema, o crítico passa por etapas de compreensão e avaliação – e não exclui o fato de efetuar uma escolha, visto que considera o autor digno de ser valorizado, de reconhecer sua importância e seu poder. É exatamente o que realizo em relação à obra de Rubenio Marcelo – porque a elejo como exemplar.
Além disso, não nego o fato de expor meu sentimento, de expressá-lo e que foi despertado pelo texto, pois acredito que a obra literária tem como função produzir emoção assim também o crítico. E é esse sentimento que faz enxergar em “Na Ria de Aveiro” o mestre na poesia, consciente de seu ofício que expressa de modo perfeito o seu ideal de arte da palavra.

Nesse poema, Rubenio demonstra pleno estágio de sua maturidade poético-intelectual – o texto é uma confissão de amor àquele lugar mágico que o faz desnudar sua sensibilidade, sua consciência íntima, transformar em versos os estados d´alma – daí o uso exato do eu lírico em categórica primeira pessoa:

“E neste tanto de calmaria,
neste recanto
vem-me sempre em antecanto
um acalanto em coautoria
               com a tua Ria…”
 
            O poeta Rubenio Marcelo tece um testemunho de admiração à lânguida laguna; ao longo do poema vê-se a afinidade nítida entre o poeta e a Ria – uma espécie de louvor a que o fascinante local permanece silencioso como a saborear aquele amor gratuito, puro, do poeta de além-mar.

            Tal é o enlevo do poeta que ele se isola do mundo à sua volta – o cotidiano e os sons de contendas insanas lhe dão uma trégua.  Senhor de seus instrumentos de expressão, Rubenio realça o seu lavor poético – nada que diz é em demasia, tudo abarca o perfeito equilíbrio da palavra.

              “Ah, Ria de Aveiro,
laguna em textura de dádiva,
na salinidade dos teus braços
quase esqueço que há guerra lá fora
              e me deixo ser um ser
sem a cota de intervenção do cotidiano…”

            Contínua é a declaração do poeta à emblemática laguna – temos um lirismo consolidado por uma linguagem leve, plena de efeitos singulares sem a obrigação/preocupação do rigor científico, e sim poético. Isso é resultado de um conjunto de esforços imaginativos (temáticos e linguísticos) de que só os iluminados pelo estro são capazes.

            “Aqui eu canto e me reencontro
 [descalço, qual um peixe original
 fiel às pedras e sargaços]
                       e em disciplina plena
embarco em um dos teus compridos moliceiros
e pressinto pulsantes ideogramas…
no âmbito dos teus canais, teus ramais
e rotas-aortas…”
 
Nos poemas de Rubenio Marcelo percebe-se claramente um pacto entre o autor e texto – noções de gênero, estilo e forma – um quadro intencional – criado, trabalhado, reformulado, aprimorado e que culmina no efeito poético, a concretização do sentido por excelência – segundo Antonio Rodriguez in Le Pacte lyrique.

“Aqui, meus olhos são reticentes faróis
                                                que buscam entender [num mesmo silêncio]
destinos de flamingos e a aquarela da paisagem…
Nesta policrômica abstração
vejo traços que transcendem cores e legendas
a bordo e a estibordo
da geometria de cada instante…”
           
            A linguagem figurada e as metáforas perspicazes, marca do autor, conduzem o leitor a perceber os sentidos dos versos, dos sentimentos extravasados. O poeta Rubenio Marcelo pertence a uma geração literária que se identifica pela campanha da poesia; poesia em todo lugar. Ele busca a sua matéria poética numa canção popular, na voz do povo, nos detalhes, nos recantos das cidades, dos lugares que visita com seu olhar incansável de quem vê além do seu espaço e do seu tempo.

  “ E assim, nestas líquidas flamas
e atento às singraduras do âmago,
sinto-me em uma grande nau viajora
[não aquela proa de sortes perdidas,
  mas esta de voga irrevogável
  e de leme em serena sintonia
 com os pássaros da minh’alma]…”
 
Na “policrômica abstração” ele não se contenta em observar, em admirar; ele se sente parte de tudo que vê e singra na “grande nau viajora”, naquela que lhe permite a sintonia com os pássaros de sua alma não menos peregrina em busca de muitas estrelas e das areias do mar.
O poema finaliza com um eloquente vocativo:
 
Ah, Aveiro… para cá, certamente eu voltaria
e voltei… e haverei de voltar um dia
para este porto… e parto…
– aqui tem tudo a ver: tudo Aveiro!”
 
            Rubenio  fez (e faz) de suas viagens a Portugal uma oportunidade poética ímpar: cada local visitado, cada monumento, cada personagem, cada deslumbramento da natureza um novo poema iniciava a sua gestação. Não são poemas descritivos – são brilhos de expressão. Arduamente trabalhados. Enquanto houver quem pulse o sublime instrumento – a palavra – a poesia viverá.  O poeta Rubenio Marcelo está aí para confirmar. Aveiro é testemunha dessa promessa.
 
                                                                                                                 Ana Maria Bernardelli


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BRAGA, 6 DE MAIO DE 2022
 
Uma sexta, um diário, um noturno,
um salmo em retorno
ao meu íntimo
              turno emocional
em torno dos movimentos
dos tubos e bulbos
dos dois grandes órgãos e do realejo da Sé…
 
Ah… e isto não é apenas
mais um concerto noturno no diário da minh’alma:
é fascínio existencial
                  bem perto… aberto…
é a abertura
do Festival internacional de Órgão de Braga…
– E eu estou aqui!… 
 
E estou com sede de arte
[uma pulsante sede bracarense
                   nesta Sé de Braga]…
 
Aqui estou
e por cá posso sentir que a partitura é vida,
é pauta de tessituras dos sentidos
em linhas expressivas e nobres
      como as talhas douradas dos templos
e em espaços férteis
como as margens do rio Cávado… 
 
Aqui sinto que o inefável me pauteia:
sou tocata, fuga, prelúdios
em cerimonial ibérico…
sou plateia
mirando a flama na bateia
que plenifica uma alquimia de teclas
na reverberação do tempo…
 
Aqui arde um erudito cortejo
que é a orgânica entonação do próprio existir,
é um inventário de gorjeios essenciais
em timbres alados,
      é o diapasão do ser
            num refúgio além-mundo…
 
E aqui estou
com um ramo de oliveira no coração
em ofertório de mim…
 
                      
Rubenio Marcelo
           (Braga-Portugal, 06.05.2022)


“Braga, 6 de maio de 2022” de Rubenio Marcelo
na ótica de Ana Maria Bernardelli
 
Apelidada de “a Capital do Órgão”, Braga é sede do Festival Internacional de Órgão, do qual o poeta Rubenio Marcelo teve a incrível oportunidade de assistir à abertura deste distinto evento musical (naquela marcante noite de 6 de maio de 2022). O som solene do Órgão percorre toda a cidade… Acordes profundos, dramáticos, “appasionato”, “com spirito”, “vivace”, “allegro”, “maestoso”, “risoluto”, “prestíssimo”…

A belíssima cidade de Braga, com mais de 2.000 anos de uma história admirável, assentada em conservadora base religiosa, irradia o esplendor de seus museus, monumentos e igrejas. Imponente. Majestosa. Foi nesse ambiente de tradições e religiosidade que Rubenio Marcelo fez sua viagem poética no tempo dentro da modernidade. Daí surgiu o poema “Braga, 6 de maio de 2022”.  Uma espécie de diário, no qual ele relata, embevecido, suas experiências musicais num encontro marcado com o Órgão e suas mágicas teclas e tubos, que explodem seus sentimentos, emoções e desejos.

“Uma sexta, um diário, um noturno, / um salmo em retorno / ao meu íntimo / turno emocional / em torno dos movimentos  / dos tubos e bulbos /dos dois grandes órgãos e do realejo da Sé…”
 
Aos primeiros acordes, o poeta entra em um completo maravilhamento. Sente como se ouvisse em seu íntimo a voz de Deus. Tudo parece ascender… como se a alma se deslocasse… o caráter harmônico, rítmico e melódico indicam a expressividade “crescendo”, “sforzando”: “é fascínio existencial / bem perto…”.

O poeta, sedento de arte: “E estou com sede de arte / [uma pulsante sede bracarense / nesta Sé de Braga]…” –ouve contrito o órgão tocando… tocando… A melodia desencadeia a visão da infinitude celestial, de uma pureza, de uma condescendência e de uma beleza absoluta.

As estrofes seguintes iniciam pelo advérbio AQUI, como se o poeta quisesse deixar gravado dentro de si aquele lugar que lhe despertou tantos e belos sentimentos; como se o poeta quisesse que sua alma continuasse lá, sempre, numa espécie de identidade e que aqueles acordes  se fixassem para todo o sempre.

“Aqui estou / e por cá posso sentir que a partitura é vida, / é pauta de tessituras dos sentidos / em linhas expressivas e nobres…”
 
O poeta capta a expressividade da melodia e seus versos, igualmente, cativam a expressão em alegres “cantábile” e “scherzando”.

Tal é o envolvimento de Rubenio que todo seu ser se vê parte do espetáculo. Ele não é mais um homem inebriado de arte. Ele é a própria arte convertida nos mais variados gêneros musicais: “Aqui sinto que o inefável me pauteia: / sou tocata, fuga, prelúdios…”

Ele se sente uma tocata pela destreza e virtuosismo que ela configura; uma fuga no sentido contrapontístico, polifônico como o é o poeta; e finalmente se vê em estado de prelúdio para voos ainda mais altos na sua arte poética. Na penúltima estrofe o poeta diz: “Aqui arde um erudito cortejo / que é a orgânica entonação do próprio existir…”. Rubenio Marcelo, um poeta singular, com vivacidade além de seu tempo, compôs um poema cativante. Mesmo à luz dos sons maciços e avassaladores de o Órgão, seu texto mantém uma beleza cristalina, apaixonante, leve em melodias e harmonias: “pianíssimo”.

Ao longo do poema só se encontram momentos otimistas, embora seja um poema forte no impacto que causa no leitor. Há um frescor poético, uma atraente simplicidade que o torna intemporal: “é um inventário de gorjeios essenciais / em timbres alados, / é o diapasão do ser / num refúgio além-mundo…”:pede-se aqui “um andante moderato” – uma caminhada no ritmo da vida sem atropelos:  “E aqui estou / com um ramo de oliveira no coração / em ofertório de mim…” – verdadeiro “rallentando” –a brandura da existência de quem se sabeungido pelas musase cujo poema é demonstração de talento numa atmosfera de particular sensibilidade poética e musical.

É um instante poético, fruto do ímpeto de libertação que move o ser humano. Diante do esplendor da música, o poeta se purifica e daí surge a redenção cristalizada, da qual o poeta é porta-voz da essência da vida em versos de intensa força e potência: “Fine”.

                                                                                                       Ana Maria Bernardelli


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NO MONTE DO BOM JESUS DE BRAGA
 
Paisagem e arquitetura tomam-se
em mãos de harmonia…
 
E em meus olhos
galgando a escarpa
nada me escapa
em um cálice que transcende em mim
em frentes de luz
       em fontes azuis…
 
E meus sentidos
aos lanços do escadório
e aos passos inscritos na fé
dão em mim
sílabas de além-palavras…
 
e na floração da reprocura do destino
sol e lua flutuam no pátio
[anunciando a religação terra-infinito]
ante um círculo que serpenteia
                             na teia da eternidade…
 
O calvário representado
lembra-nos que há suavidade
após degraus do espírito.
 
Rubenio Marcelo
          * (Santuário do Bom Jesus do Monte,
                       Braga/Portugal – maio/2022)


“No Monte do Bom Jesus de Braga” de Rubenio Marcelo
na ótica de Ana Maria Bernardelli
 
Uma ideia sempre navegou na minha mente e, a cada momento que me chega às mãos um poema de Rubenio Marcelo, mais essa ideia se agiganta – a necessidade de um cânone regional da poesia do Mato Grosso do Sul. Tal proposta é uma questão cultural importante que se insere no contexto mais amplo da valorização das literaturas locais dentro do cenário nacional e, potencialmente, internacional. A construção e reconhecimento de um cânone regional pode ter um impacto significativo em diversos aspectos e, com certeza, esse cânone tratar-se-ia de uma lista pessoal cujo pódio estaria a cargo da poesia de Rubenio Marcelo.

O poema em questão se configura alta poesia, pelo fôlego criativo, pela ambição estética, espiritual e filosófica.  Daí ocupar o topo do cânone poético regional.  “No Monte do Bom Jesus de Braga” constitui uma ode que exalta a paisagem e a arquitetura deste icônico local de peregrinação em Portugal, onde elementos da fé cristã, características do estilo barroco, e recursos estilísticos como simbolismo e metáforas são entrelaçados com maestria. Através de um lirismo que evoca sentimentos de transcendência e espiritualidade, o poeta convida o leitor a uma jornada tanto física quanto metafísica.

Desde o início, a fé é um elemento central no poema. As referências diretas ao “escadório” e aos “passos inscritos na fé” evocam a experiência de uma peregrinação, um ritual de devoção e busca espiritual. A expressão “sílabas de além-palavras” sugere uma comunicação que transcende o verbal, insinuando uma experiência mística que é captada pelos sentidos e pela alma.

O estilo barroco, tanto arquitetônico quanto léxico, confirma-se pela exuberância e dramaticidade; é evidente na forma como o poema se desenrola. As imagens são ricas e detalhadas, como na descrição do “cálice que transcende em mim” e “frentes de luz, em fontes azuis”, que remetem à opulência visual típica do barroco. Além disso, o uso de paradoxos e a busca pela unidade dos contrários, características barrocas, estão presentes na “religação terra-infinito” e no “círculo que serpenteia na teia da eternidade”, símbolos da complexidade e da dualidade da existência.

O poema está repleto de simbolismo e metáforas que enriquecem a leitura e ampliam seu significado. O “cálice” pode ser visto como um símbolo eucarístico, representando a comunhão e a transcendência espiritual. A “floração da reprocura do destino” é uma metáfora para o renascimento e a busca contínua pelo sentido da vida, enquanto o “calvário representado” remete à paixão de Cristo, sugerindo que há beleza e redenção após o sofrimento.

A musicalidade do poema é notável. A cadência dos versos e o uso de aliterações e assonâncias criam uma melodia interna que ecoa a experiência de ascender o monte. Frases como “galgando a escarpa, nada me escapa” e “sol e lua flutuam no pátio” têm um ritmo que contribui para a sensação de movimento e elevação espiritual.

O verso “…anunciando a religação terra-infinito” encapsula uma poderosa síntese simbólica e espiritual dentro do poema. Ele sugere uma conexão profunda e mística entre o mundo terreno e o divino, refletindo a aspiração humana de transcender os limites físicos e alcançar uma união com o eterno. Esta “religação” não apenas remete à espiritualidade e fé, comuns em temas religiosos e místicos, mas também evoca a ideia barroca de integração entre o céu e a terra, o material e o imaterial, enfatizando a busca incessante pela compreensão do infinito. A escolha das palavras confere ao verso um caráter de que a experiência do sagrado é uma ponte que une o mundano ao celestial.

O poema “No Monte do Bom Jesus de Braga”, de Rubenio Marcelo, concilia imagens e sentimentos, onde a fé, a beleza barroca, e a profundidade simbólica se entrelaçam. Através de uma linguagem simbólica e ritmada, o poeta conduz o leitor por uma viagem espiritual que culmina na visão do calvário, lembrando-nos que, após os desafios e tribulações, há uma promessa de suavidade e redenção. A obra não só celebra um lugar sagrado, mas também reflete sobre a jornada humana em busca de significado e conexão com o divino.

“O calvário representado
lembra-nos que há suavidade
após degraus do espírito.”
 
Reitero ser este poema, “No Monte do Bom Jesus de Braga”, um poema canônico, clássico, no sentido estrito da palavra – os versos não se esgotam, antes, levam-nos além-palavras e além-momentos, além vários patamares, com fontes representativas, estátuas simbólicas, e representações da Via Sacra, o calvário, e, ao final, a ressurreição de Cristo… a supremacia do espírito… do eterno!
                                                                                                 Ana Maria Bernardelli


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RUBENIO MARCELO – é poeta escritor, compositor, ensaísta, revisor e advogado. Membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e autor de treze livros publicados, sendo que um dos seus livros mais recentes (Vias do Infinito Ser) foi indicado pela Universidade Federal de MS (UFMS) como leitura obrigatória para os vestibulares no triênio 2021/22/23 e também foi indicado ao PASSE UFMS 2024/25.

ANA MARIA BERNARDELLI – é professora, poeta, revisora, ensaísta e musicista. É membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e também do PEN CLUBE-MS. Especialista em Literatura Brasileira e Literatura e Língua Francesa pela Université de Nancy, França. Ministra assessoria de Produção Textual para professores e Concursos Públicos.

Respostas de 6

  1. Versos e ensaios extraordinários de um excelente e sensível Poeta e competente Mestra, Escritora, Ensaísta e musicista.

  2. Duas figuras de proa na literatura de Mato Grosso do Sul em um projeto onde a erudição e o resgate histórico se fazem presentes or meio de poemas muito bem construídos e críticas abalizadas. Elementos da cultura portuguesa desfilando pelas páginas de ALMAR. Parabéns aos autores.

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