
Ikigai
O conceito
naturalmente
se torna questão
infiro
respostas retóricas
até mesmo precisas
mas até hoje
nunca resoluções
Não me passo
em listas de critérios
nem me processo
em diagramas
porém observo
se nos vincos da testa
na dança que vem da sala
e me rouba um passo
se nos olhos que guardam
temas parentais se
não percebo a silhueta
de uma razão ou alvo que
certifique meu levantar e
seguir
Desviando do que
desconfio não necessitar
desando em todos
os motivos possíveis
que não me servem
bem aqui
onde outro poeta diz
ser metade de toda
minha vida
ida
Logo mais
é sábado-e-domingo
brindarei e comerei
por todo um mundo
contido
em horas distraídas
um recesso se findará
com planos mais ou
menos corretos
e certo
estarei em frente a mim
medindo e julgando
o quanto descobri o
quanto nunca saberei
Oaristo
Antes de nós
já havia a manhã
que ignoro mas queima
meus olhos fechados
meio que a nego
agora ocupado
entre dormido e buscante
rabiscando propósitos
no ronco ao meu lado
Ajeito destinos
esses vestidos de boneca
como se brinca escondido
mal acredito que
os pelos em seu braço
tocam meu nariz
que nele convido
o perfume de ontem
O que será de mim
aguardando mais um
empurrão das coxas
o que me falta e para
que
nessa dança sonada
que performo solo
sobre
a cama
a memória do corpo
o não-presente
num dizer fantasma
exigindo
a presença e o perigo
do que se deseja
como se tudo isso-aquilo
não se tratasse
apenas
de um vaivém
nas sinapses
Sebastião Ribeiro (São Luís – MA) é poeta e professor de Língua Inglesa, graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão. Premiado com o 2º lugar do 23º Festival Maranhense de Poesia Sousândrade (Poemará 2010), organizado pela Universidade Federal do Maranhão. Publicado em antologias, diversos espaços virtuais e revistas literárias, como Macondo, Samizdat, Mallamargens, 7faces, entre outras. Componente da obra Acorde (Scortecci, 2011), com Igor Pablo Dutra e Wesley S. S. Costa; autor de & (Scortecci, 2015), Glitch (Scortecci, 2017), Memento (Penalux, 2020), Ménage – Antologia Trilíngue de Poesia (Helvétia Éditions, 2020), com Antonio Aílton, Outro (Penalux, 2022) e Solo (Litteralux, 2024 – premiada com o 2º lugar do Prêmio Claudio Willer de Poesia 2023, realizado pela União Brasileira de Escritores (UBE-SP) e finalista do 2º Prêmio Candango de Literatura).
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