acerto
– o corte –
nunca será retilíneo.
– o faro –
(sem o apuro dos deuses)
cairá no lapso.
– a farpa –
nunca deixará a pele
entorpecida
– a lida –
nunca será tão necessária´.
– a vida –
foge, num arremedo de gretas.
De foro íntimo (Editora Penalux/2018)
addextare
é peremptório dizer
que há regras.
não ultrapasse as margens.
não salte linhas.
estude detalhadamente o regulamento.
não escolha.
não morda.
não morra depois das seis.
não chore.
não molhe o assoalho.
não perturbe.
não use o cobertor.
não fale com estranhos.
não fuja dos trilhos.
use gloss.
corte as unhas.
trepe aos sábados.
fume um cigarro.
não saia dos trilhos.
siga o rebanho.
odeie
os que não dizem amém
feche o vidro
do carro.
que há regras.
não ultrapasse as margens.
não salte linhas.
estude detalhadamente o regulamento.
não escolha.
não morda.
não morra depois das seis.
não chore.
não molhe o assoalho.
não perturbe.
não use o cobertor.
não fale com estranhos.
não fuja dos trilhos.
use gloss.
corte as unhas.
trepe aos sábados.
fume um cigarro.
não saia dos trilhos.
siga o rebanho.
odeie
os que não dizem amém
feche o vidro
do carro.
– isso é um assalto –
passa pra cá tua vida playboy.
De foro íntimo (Editora
Penalux/2018)
Penalux/2018)
Ida
Quando
partiu sobre o cavalo
partiu sobre o cavalo
havia
névoa, flores
névoa, flores
e
alegria matutina de saudar o sol.
alegria matutina de saudar o sol.
Havia
orvalho em suas retinas
orvalho em suas retinas
e
a pressa de chegar.
a pressa de chegar.
Havia
brisa
brisa
e
uma saudade mordida
uma saudade mordida
de
deixar pra trás
deixar pra trás
orquídeas
e girassóis
e girassóis
além
dos muros.
dos muros.
Havia
leve criança sobre o ombro levitando
leve criança sobre o ombro levitando
e
mulher, rasgada ao meio.
mulher, rasgada ao meio.
Aos
prantos.
prantos.
Lume dos Anseios (Edições Mac/2014)
arquitetura
não era esse o desenho planejado
no alicerce de nuvens que traçamos.
sono de conchinha
crianças brincando na varanda
um cão atento e dócil a lamber nossas
feridas.
feridas.
uma vida
toda sedimentada em risos
tardes azuis, sol descambando
lentamente.
lentamente.
havia o verde esculpindo a clorofila
nas folhas
nas folhas
e o sabor especial das frutas no
pomar.
pomar.
não era esse o labirinto ensaiado
se há tantas curvas
dilacerando linhas e vias de
escape…
escape…
no pentagrama perfeitamente desenhado
não havia erros/enfados/arredios
movimentos
movimentos
era o momento exato.
nas pontas da estrela, o fluxo
o encontro/o tato.
não havia o desgoverno esdrúxulo
o exílio apático.
as prímulas bordavam lá fora
o desenho anunciado.
não era esse o trato.
Conexões Atlânticas II (2018)
recado para o indefinido
só quero aquela mão
perdida em minhas linhas
antes que amanheça
antes que anoiteça
o verbo sentir.
só quero aquela voz
sem pressa
a sussurrar mentiras boas
verdades sem memória
e arrepios.
só quero o tépido apelo
: o cotovelo encostado ao meu
e tanto basta
pra nos dizer
que ainda estamos
e somos
bem querer e acertos.
só quero aquela boca
costurando desejos
ainda em fúria.
sem parcimônia
incendiando apelos.
só quero o tempo
e uma bela história.
perdida em minhas linhas
antes que amanheça
antes que anoiteça
o verbo sentir.
só quero aquela voz
sem pressa
a sussurrar mentiras boas
verdades sem memória
e arrepios.
só quero o tépido apelo
: o cotovelo encostado ao meu
e tanto basta
pra nos dizer
que ainda estamos
e somos
bem querer e acertos.
só quero aquela boca
costurando desejos
ainda em fúria.
sem parcimônia
incendiando apelos.
só quero o tempo
e uma bela história.
(ainda aquele olho
misturado no meu
a inventar
: pra sempre).
misturado no meu
a inventar
: pra sempre).
Ilustrações: Gilad Benari
Lia Sena: poeta baiana, publicou quatro livros:
Pedaços ( 1988, Editora Interbahia); Por Todo Risco (2013); Lume dos
Anseios (2014, Edições MAC, Coleção Vinho e Poesia) e De foro íntimo
(2018, Editora Penalux). Ao longo dos anos, participou de diversas Antologias.
(Antologia do Sesi, Antologia Cidade, Adegaria e outras); em 2017,
participou como poeta, revisora e organizadora da
Antologia, Outras Carolinas – Mulherio da Bahia (Editora Penalux) e da Antologia,
Nas Teias de Eros (Editora Darda). Foi finalista do segundo Prêmio Sosígenes
Costa de Poesia (2017), ficando com a Menção Honrosa, pela segunda colocação.
Compositora de algumas canções, tem alguns poemas musicados por outros
artistas. Está na Antologia Conexões Atlânticas II e participa da Antologia do
Mulherio das Letras 2018. Vencedora do III Prêmio Sosígenes Costa de Poesia
(2018), com o livro, Na Veia da Palavra que será publicado pela Editus.
Pedaços ( 1988, Editora Interbahia); Por Todo Risco (2013); Lume dos
Anseios (2014, Edições MAC, Coleção Vinho e Poesia) e De foro íntimo
(2018, Editora Penalux). Ao longo dos anos, participou de diversas Antologias.
(Antologia do Sesi, Antologia Cidade, Adegaria e outras); em 2017,
participou como poeta, revisora e organizadora da
Antologia, Outras Carolinas – Mulherio da Bahia (Editora Penalux) e da Antologia,
Nas Teias de Eros (Editora Darda). Foi finalista do segundo Prêmio Sosígenes
Costa de Poesia (2017), ficando com a Menção Honrosa, pela segunda colocação.
Compositora de algumas canções, tem alguns poemas musicados por outros
artistas. Está na Antologia Conexões Atlânticas II e participa da Antologia do
Mulherio das Letras 2018. Vencedora do III Prêmio Sosígenes Costa de Poesia
(2018), com o livro, Na Veia da Palavra que será publicado pela Editus.