AFINS – JANDIRA ZANCHI

Ilustração: Marta Raff
 
 
 

escaravelhos… coisas vermelhas e afiadas, amofinadas
quase sempre instruídas para o desinteresse


pois a morte não é vermelha porque sangue e quente


mas, bem antes uma régia e fria soberana
desatenta dos miúdos dos tempos enfraquecidos
pelas contínuas corridas dos instantes


avisos pregados no varal nem sempre poético
mas,ainda assim,hermético no duelo dos dias
prestos  de pavonices e esperantos
astutos arcaicos afoitos


afins são teus versos quase esqueléticos de formas
ou,antes, apenas formas


vazios videntes vestidos do sal amargo e amoroso


(a morte é fria pois vermelha como estrelas anãs e longas
duradouras e quem sabe por isso o abstrato humano se veste de azul pois seu céu e
não seu corpo e as leis de núcleos e superfícies de astros não lhe diz respeito)


é fortuita a ignorância de tantos sobre corpos e sobre leis e sobre santos e sobre a terra….
e o amor e os sonhos e a simplicidade do quietar e das formas e das salientes pontes correndo mundo e alugando fundos e somos apenas os mesmos…………………………………
…………………………………………………………………………………………………………………..e os mesmos
e o silêncio de deus


e o imenso tamanho do cosmo
e seu absurdo calor ilhado por entre vapores de terrível frio

2 instantes e um copo de vinho corrido segundos (a pétala de nossas vidas)

tão lentas e afrontadas pelas circunferências precisas de suas agrimensuras…

tão lentas e voláteis
                                 passageiras…




JANDIRA ZANCHI


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