Canal de “Tereza Duzai” para divulgação de poemas

À morte e à morte

Ao nada,
minhas ilusões,
ao nada!
Só, eu rio e morro.
Rio de mim e dos outros,
do que fui e dos que se foram.
Vou-me e é justo que me vá assim,
com o corpo envolto em pedras,
e o peito cheio de dores ignoradas.
Não digam que cometi suicídio.
Não se envaideçam.
Não haverá de ser por suas perversidades.
Será por mim.
Egoisticamente por mim.
As pedras hão de me conduzir,
e é justo que assim seja;
afinal, apenas elas me venceram na arte de rolar.
Morro do mal da pouca vida,
Desta sina insana,
deste destino certo.
Envolvida em pedras,
para evitar despesas,
e dispensar protocolos vãos.
Lanço-me ao mar
também por vaidade.
antevendo a primeira mordida,
a disputa por cada lasca de pele,
por cada porção de víscera.
Lanço-me ao mar
a fim de me tornar útil na morte.
Perdoem-me os vermes da terra;
perdoe-me o proprietário da funerária Hees;
perdoe-me, Liz. Cancele as rosas amarelas,
mas os braços do coveiro serão poupados,
uma árvore será poupada,
velas brancas serão poupadas.
Nem rituais, nem hipocrisias.
Esta será a vez das piranhas.

TEREZA DU’ZAI
Tereza Du’Zai, natural de Itajaí, SC, é poeta, contista, cronista e professora de Língua Portuguesa e Literatura. Atualmente,  a autora tem se dedicado à produção, à organização e à divulgação de sua obra literária.

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