
O grande mestre do cinema Andrei Tarkovski disse: “Sempre recordo de seus filmes com gratidão e prazer. Sua maneira de pensar, sua poética paradoxal, sua habilidade em amar a beleza e habilidade em ser absolutamente livre dentro de sua própria visão”. Ele estava se referindo a outro grande mestre do cinema e seu amigo íntimo Sergei Parajanov.
Tal como a pintura foi a arte por excelência do Renascimento, poderíamos afirmar que o cinema o é dos Séculos XX e XXI, incorporando a tecnologia (marca destes Séculos) e criando um público de apreciadores de arte sem precedentes na história. Podemos encontrar salas de cinemas em cidades de todos os cantos do mundo, com uma certa facilidade de acesso aos expectadores. Então poderíamos sem exagero chamar o cinema de a arte mais democrática, ao lado, claro, também da música. Mas, como em todas as artes, há o cinema de representatividade autêntica e genuína, o cinema da assim chamada Sétima arte, e sua história espalha grandes gênios.
O cinema também tem o sentido da chamada arte total, tal como foi o teatro grego de Sófocles, Ésquilo e Eurípedes, como foi também a Ópera surgida na Itália Renascentista , como tentativa de retomada e reformulação daquele teatro grego, e que ganhou posteriormente seu maior ideário nas óperas românticas do compositor alemão Richard Wagner.
Sergei Parajanov, artista da pura e genial arte do cinema, nasceu em 1924 na cidade de Tbilisi, na República Socialista Soviética da Geórgia e faleceu em 1990 na cidade de Erevan, na República Socialista Soviética Armênia. Teve uma vida conturbada, sendo perseguido e preso pelas autoridades, o que dificultou sua vida artística, mas que não o impediu de criar obras primas como a “Sombras dos Ancestrais Esquecidos” (1965) – Um filme que retrata a cultura e as lendas ucranianas; “A Cor da Romã” (1968) – Um estudo visual poético sobre a vida do poeta armênio Sayat-Nova; “A Lenda da Fortaleza de Suram” (1986) – Aborda a cultura e os costumes da Geórgia; “O Trovador Kerib” (1988) – O último longa-metragem de Parajanov, baseado em um poema de Mikhail Lermontov. Sua filmografia inclui também “Um Conto da Moldávia” (1951), “O Primeiro Rapaz” (1959) e o inacabado “A Confissão” (1989-1990).
Um dos maiores filmes da história, ” A Cor da Romã “, revela uma beleza rara, que exala espiritualidade e poesia, poderíamos dizer comparável a sublimidade da poesia Persa mística de Rumi.
“Provavelmente, além da linguagem cinematográfica sugerida por Griffith e Eisenstein… o cinema não descobriu nada de revolucionariamente novo até A Cor da Romã, de Parajanov”. Assim se expressou novamente Tarkovski, seu maior admirador.
Federico Fellini , Tonino Guerra , Francesco Rosi , Alberto Moravia , Giulietta Masina , Marcello Mastroianni e Bernardo Bertolucci estavam entre aqueles que lamentaram publicamente sua morte. Eles enviaram um telegrama para a Rússia com a seguinte declaração: “O mundo do cinema perdeu um mágico. A fantasia de Parajanov fascinará para sempre e trará alegria às pessoas do mundo…”
Mágico, mestre e conjurador de mundos cinematográficos – Assim foi descrito este que foi um dos maiores e mais influentes cineastas do mundo.
O eternizador da Sétima Arte.
Andrey Luna Giron é poeta, músico, maestro, artista plástico, fotógrafo e budista. Tem 5 livros publicados de poesia – Cósmicas pela editora Protexto, Claritas, Mistério Aceso, Do Fundo Da Palavra e Terra Celeste pela editora Insight. Participou das Coletâneas 100 Anos da Semana de Arte Moderna e Amazônia em Prosa e Verso da AIAP Brasil. Gravou CD de música clássica contemporânea com composições próprias com o grupo Ethos Fractallis realizando concerto de lançamento no Museu Guido Viaro e distribuído nas mediatecas de Paris. Fez trilha sonora para cinema e tem várias composições orquestrais e para piano. Trabalha no Museu Guido Viaro onde faz recepção, monitorias e palestras semanais sobre cinema no Cineclube Espoletta deste Museu.
