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Ilustração de Capa: Jorge Felipe Alves de Paula |
A escrita de um poema se faz de muitas tardes, de versos que “rasgam a superfície da alma”, de rimas inesperadas, vaporosas, famintas.
Essas “Luas” de Jandira Zanchi são exasperadas, exageradas, mas possuem “rendas”, “um continente inexplorado, anjos alvos ambivalentes”.
E o poema é a tarde. Possui “sínteses maiúsculas” de tudo que incendeia, arde.
O poeta, ensaísta, Octavio Paz, no livro O Arco e a Lira diz: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!
Os poemas dessas “Luas” fluem em muitas direções, mas ao fluírem, buscam a unidade, a palavra que tem sentido concreto, avesso e duplo. Em alguns poemas há um ziguezague desconcertante? Previsível? Ou será que há a matemática revelada numa equação 2x + 4 = 8. Não. Não é dessa simples equação que falo. Falo de uma poesia que é pensada, sentida até as últimas consequências.
Que esse Luas de Maçã possa seduzir noites solitárias, manhãs que nascem cúmplices, porque nesse processo da escrita, o poema é
meia faca
esse punhal sem fio
só rasga a superfície da alma.
Lila Maia é poeta, autora, entre outros livros de As Maçãs de Antes (vencedora do Prêmio Paraná de Literatura 2012 – Prêmio Helena Kolody de poesia).