Lançamentos de Rosa Maria Mano e Jandira Zanchi em Curitiba

Rua Coronel Enéas, 30 – Largo da Ordem – São Francisco., Curitiba
Horário: 10 as 14 hs.

Domingo, dia 29 de abril, Rosa Maria Mano e Jandira Zanchi estarão na Feira do Poeta, em Curitiba, autografando seus livros, Lábios-Mariposa e A Janela dos Ventos, publicados pela Editora Singularidade. Conheça dois poemas de cada livro:

Lábios-Mariposa 

 

SALTOS DE VIDRO II

Há uma renovação em tudo, uma virgindade avassaladora.
E toco o dia com medo de enodoar o branco do broto,
do germe que me apresenta
o que, há pouco, ainda não era, mas já havia.
O mundo recém parido pelas águas do Tempo.
Salgam meus olhos essas marés que me atiram sobre as escarpas.
A lua, com seus saltos de vidro me trespassou ainda agora.
O sol cobre as chagas, mas de chamas.
E os dois, com suas bocas de fome, me devoram.
Hoje eu te amei ali, onde o mundo começou de novo.
Um novo, ou renovado, ou renascido, trazido, não do mar,
mas pelo rasgo revelado no sol.
Um talho, uma fenda na aurora.
Recomeçado no frescor do dia, descabido em sua plenitude.
Vazou do sol pra meu coração. De novo.

FINITA

Atravesso a canícula do dia
longa, debulhada como espiga de saliva.
O nome repousa imóvel e ensurdecedor.
Algoz no corpo de água,
abre com fina lâmina de ausênciaa ferida que macero, cubro de folhas vivas.
É uma agonia revestida de chamas,
de grandes escadas de breu.
As confissões dos que amam são preces
ao Tempo. São curas, unguentos.
Enfio uma camisola de preces
e me cubro pra ser nítida,
assombração e aguaceiro.
Sou finita, entre os que findam.
E te amo – carne e termo,
Entre os que perenemente amam,
arrisco mais fundo… mais fundo.
Pra te encontrar de vez
no que não finda.

A  JANELA DOS VENTOS

FUGAZ

                                              momentânea sanidade alongando-se

                                                      na promessa de algum encanto

é noite em minha sala e dia no silêncio

movo-me com a sinceridade dos escolhidos

sem fronteiras na lembrança

e alegrias no repouso

reabro o infinito com a agudeza de um mártir

sacrifico a leitura das aves e o esconderijo

de algum deus, sabendo que da sina

o semáforo e o ato são o compassivo brevê

do meu instante

Fugaz……..

FIO COBRA

Escuto, com parcimônia,o trincar da tarde

chávena de chá chuvisco e chuveiro

um fresco almíscar de passos escorridos na laje

esmero-me em miúdos trocados de nódoas novenas

perdas promíscuas vergadas ao passar do tempo

bravio de detalhe e direitos nessas correntes

corrientes do ser

minha vida  me diverte pois não lembro

minhas vias razões e alegrias e

na roca do tempo refaço o quadro do vento

os fios cobra cobre fastio e fausto enquanto

o silêncio nadado por léguas de insistência

verga na alma sisos e séquitos

um desmaio no horizonte de dunas amarelas

– arejado de luz –

aonde corpúsculos de água e sombra

estreitam-se no fim do túnel

corrida do céu a asa ferida

                                                     consciência conhecimento

compartimento acomodamento

filosofia de viés entoa o cântico

para os violinos que dançam

ao som dos festejos

aleluia, a qualquer momento a evidência.

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