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Entrebraços. Xilogravura de Nestor Jr. |
Ao cinza que renasce vida
Ando pelas ruas,
reconheço cada
falha nas calçadas
e nas vias
Mas
não ouço
o que de dentro
predomina
A luz se espreita
entre os prédios
A razão se perde
entre as buzinas
Enquanto o coração
sobrevive
à própria
(ar)ritmia
Os relógios
não apontam
o que n’alma
se desperta
Pois o instante
é a única constante
que entre o aqui
e o agora se revela
Assim que a
vontade de vida
Não cabe
na rotina
Ouve o dia em outra frequência,
quebra a casca do concreto
E sente subir da terra,
o sumo da existência
Celebrando o mistério
e a essência
Que da vida e da morte
nos inquieta e acalenta.
reconheço cada
falha nas calçadas
e nas vias
Mas
não ouço
o que de dentro
predomina
A luz se espreita
entre os prédios
A razão se perde
entre as buzinas
Enquanto o coração
sobrevive
à própria
(ar)ritmia
Os relógios
não apontam
o que n’alma
se desperta
Pois o instante
é a única constante
que entre o aqui
e o agora se revela
Assim que a
vontade de vida
Não cabe
na rotina
Ouve o dia em outra frequência,
quebra a casca do concreto
E sente subir da terra,
o sumo da existência
Celebrando o mistério
e a essência
Que da vida e da morte
nos inquieta e acalenta.
……………
Sectio Divina
A poesia, assim
como alquimia
É de pequeno frasco
e imensa valia
Suprassumo
dos dias
Sintetiza anos
em instantes sublimes
Conduzindo
a essência
antes da rima
Eleva a consciência
acima dos prédios
E organiza a beleza
polinizando ao ar sua incerteza
É miragem?
Olhar prestado ao desconhecido?
Tanto faz!
É luz entre os ombros dos homens,
narrando em voz de sonho
o encantamento do desconhecido.
como alquimia
É de pequeno frasco
e imensa valia
Suprassumo
dos dias
Sintetiza anos
em instantes sublimes
Conduzindo
a essência
antes da rima
Eleva a consciência
acima dos prédios
E organiza a beleza
polinizando ao ar sua incerteza
É miragem?
Olhar prestado ao desconhecido?
Tanto faz!
É luz entre os ombros dos homens,
narrando em voz de sonho
o encantamento do desconhecido.
……………
A eternidade do ser efêmero
Um manto
de nuvens negras
se cobre
sobre os dias azuis
Embaça aos olhos,
mas atenta aos sentidos
O desejo de desvendar
um motivo
Desliza os dedos
nos ladrilhos
que resistem
empoeirados
Persiste
e um tanto de paisagem
e outro tanto de rosto
se refletem
Para veres que não é só no espelho
que a fronte se reflete
Não quando a alma
é límpida.
de nuvens negras
se cobre
sobre os dias azuis
Embaça aos olhos,
mas atenta aos sentidos
O desejo de desvendar
um motivo
Desliza os dedos
nos ladrilhos
que resistem
empoeirados
Persiste
e um tanto de paisagem
e outro tanto de rosto
se refletem
Para veres que não é só no espelho
que a fronte se reflete
Não quando a alma
é límpida.
……………
Um campanário ao olhar
O tempo não percorre as estradas
pelas mãos humanas construídas
Ele se entranha nos poros
que o desejo às beiradas lapida
Acampa no olhar
a ternura que uma constelação não finda
E acerta como um milagre
– da mesma matéria partida
Mal sabe, que numa despedida
espalma o amor
em premissa
Condensando milhas
percorridas ao ar
Até o instante
que nos aproxima.
pelas mãos humanas construídas
Ele se entranha nos poros
que o desejo às beiradas lapida
Acampa no olhar
a ternura que uma constelação não finda
E acerta como um milagre
– da mesma matéria partida
Mal sabe, que numa despedida
espalma o amor
em premissa
Condensando milhas
percorridas ao ar
Até o instante
que nos aproxima.
……………
Celebração Lunar #1
A vida fina
como água viva
Escorre dos dedos
e percorre
Ao orquestral som
das veias
Pulsando uma melodia
traduzível à luz
Do olhar,
ao aceitar
a grandeza vislumbrada
de um sorriso à um grão de areia
O todo é tão cabível,
que o instante
é um poema.
……………
O amadurecer de um sorriso
Esse sorriso de infância
é atemporal lembrança
da essência preservada
em rosto
Presente do tempo
e suas descobertas,
é carregado de sutilezas que andam com o vento
e se apropriam do corpo como enfrentamento
Cultivando amizades com as formigas
preservei o melhor dos sentidos em presença
E toda matéria de cuidado
mal sabia que regava o tema do poema
Florindo a sensibilidade
com o poder de rasgar o tempo,
lavrar a terra de histórias,
e conduzir os dias brincando com palavras
Foi-se tecendo um baú de preciosidades inapreensíveis
que a folha branca e a tez unificam
Do sonho aos caminhos,
o sublime alimento é do engenho de dentro.
é atemporal lembrança
da essência preservada
em rosto
Presente do tempo
e suas descobertas,
é carregado de sutilezas que andam com o vento
e se apropriam do corpo como enfrentamento
Cultivando amizades com as formigas
preservei o melhor dos sentidos em presença
E toda matéria de cuidado
mal sabia que regava o tema do poema
Florindo a sensibilidade
com o poder de rasgar o tempo,
lavrar a terra de histórias,
e conduzir os dias brincando com palavras
Foi-se tecendo um baú de preciosidades inapreensíveis
que a folha branca e a tez unificam
Do sonho aos caminhos,
o sublime alimento é do engenho de dentro.
……………
O carvão da rotina
escreve sua poesia no asfalto
Seu pretérito participativo
é nuvem e fumaça
Desapercebe sentidos
no insight que é luz rara
Não se reflete em postes,
mas contorna vias
Faz da próxima chegada
um porto de descobertas
Como os dias que passam
e nossos passos que revelam
Nada além do perímetro
da própria margem
do desconhecido
escreve sua poesia no asfalto
Seu pretérito participativo
é nuvem e fumaça
Desapercebe sentidos
no insight que é luz rara
Não se reflete em postes,
mas contorna vias
Faz da próxima chegada
um porto de descobertas
Como os dias que passam
e nossos passos que revelam
Nada além do perímetro
da própria margem
do desconhecido
Assim a inspiração
silenciosa se entranha
Caminhando despretensiosa
como melodiosa sombra que acompanha.
Caminhando despretensiosa
como melodiosa sombra que acompanha.
……………
Fundo de tinteiro
Doce ironia essa do poeta
poder declarar-se louco
a partir do seu intelecto
pelos sentidos provido
Poder ousar-se público
a usar seu nó da garganta
em discurso, hino
Uivar uma onomatopeia
e dizer futuro
Compilar um cheiro
ao pertencer de vento
Evaporando flores,
brincando em contrastar as letras
Frente ao nossos olhos
Como um espelho tatuado em livro
Traduz até
uma preguiça amanhecida,
embalada ao marulhar do ônibus
Jorrando no piche,
sua condição:
é simples.
poder declarar-se louco
a partir do seu intelecto
pelos sentidos provido
Poder ousar-se público
a usar seu nó da garganta
em discurso, hino
Uivar uma onomatopeia
e dizer futuro
Compilar um cheiro
ao pertencer de vento
Evaporando flores,
brincando em contrastar as letras
Frente ao nossos olhos
Como um espelho tatuado em livro
Traduz até
uma preguiça amanhecida,
embalada ao marulhar do ônibus
Jorrando no piche,
sua condição:
é simples.
……………
O silêncio brinca
de apalpar os meus ouvidos
Ele continua a não-dizer,
de apalpar os meus ouvidos
Ele continua a não-dizer,
mas instiga os ecos
Rompe a nuvem-casca
como forma de anunciar
O recurso da verdade, da viagem
que se reproduz como um sonho
Ele diz que tenho
uma voz de trovão
como forma de anunciar
O recurso da verdade, da viagem
que se reproduz como um sonho
Ele diz que tenho
uma voz de trovão
a cortar o deserto
Mas hoje é a areia
que dissolve
o gosto da explicação
entre os dentes.
……………
O ser translúcido
O amor sobrevoa
a companhia,
os atos em tentativa,
a lascívia arreganhando os dentes
as pernas bambas
que chamam a atenção
antes da direção
Se resvala no ar,
penetra num aceno,
no sabor, na vontade
de fazê-lo
antes de
sabê-lo
Por isso e com isso te alcanço
Amando até as pernas soltas
do tempo passado
Pela lembrança que valsa
a essência etérea
do teu riso que conspira
a minha paz em rosto e poesia
Assim como só o amor
é capaz de dedilhar
No que parece invisível
e se tem por incomensurável.
a companhia,
os atos em tentativa,
a lascívia arreganhando os dentes
as pernas bambas
que chamam a atenção
antes da direção
Se resvala no ar,
penetra num aceno,
no sabor, na vontade
de fazê-lo
antes de
sabê-lo
Por isso e com isso te alcanço
Amando até as pernas soltas
do tempo passado
Pela lembrança que valsa
a essência etérea
do teu riso que conspira
a minha paz em rosto e poesia
Assim como só o amor
é capaz de dedilhar
No que parece invisível
e se tem por incomensurável.
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Cláudia Iara Vetter nasceu em Blumenau, Santa Catarina, em agosto de 1990. Lançou o primeiro livro O Retrato da Nudez Eólica pelas editoras CBJE/RJ (2009) e Liquidificador Produtos Culturais/SC (2011). Seu segundo livro de poesias, chamado Desata nós (2018), foi publicado pela editora 3 de Maio/SC (2018).
Acompanhe as notícias e as novidades da autora pelo http://linhaepoesia.blogspot.com