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Ilustração: Odile Redon |
quase acrescento dividendos a essa nau dos tempos…
são crespos os serenos e os acréscimos de muitos ventos
nesses intervalos amanhecidos e vagarosos
úmidos das tardes finalizadas – sanidade em decrescente crisálida
mortífero e magoado o tom imperativo com que se delata
– derrubado pranto acrescido de sonhos e sonâmbulos –
mil seres certificam-se dos depósitos do dia
das aventuras da noite
perturbam-se de alvoradas que não acendem
dos paraísos que não compreendem
então inventa-se a roda e a fortuna e a magia e a ciranda
quem anda?
sons e santos – sem prantos – vagam e verificam esses ídolos caídos
murmurados de tantos impedimentos
desejos que se alongaram para a crase infinita do além matéria
surdos e mortificados como aquele mendigo na base do templo/consumo
como esse princípio de noite sem valentia de todos os inertes e configurados
lazeres sem fundo – abre-se a ordem e o vazio quântico ou onírico e as janelas
do deus estão cruas em crepúsculo e ciência
é esse o mundo, caminha-se, retorna-se, continuamos o mesmo parágrafo
agora escrito a mil mãos.
Jandira Zanchi (Área de Corte, Patuá)