Senhor das Águas II – Rosa Maria Mano

 
 

 

O corpo é tão mais vivo quando
correnteza.

E eu te dei o dom, senhor das águas,

de infinitamente navegar-me.

E ficas sobre as pontes, quase
findas,

carcomidas do gelo das esperas.

E ficas, mirando a superfície.

Jamais dentro das grandes aguadas,

junto aos pássaros submersos

que guardam os fogos do coração.

Nas bordas, apenas espelhada,

entre vida e sono, apenas parte,

essa de mim que não sou eu inteira.

Daqui molho teu rosto, saborizo as
papilas.

Aspergindo, quero, com enorme boca de
líquidos,

te tragar pra mim em corpo e alma.

Que me navegues, senhor das águas,

no mais profundo segredo das marés,

longe das margens, numa fina rede de
seda,

onde vida e morte se engalfinham

e no fundo, entranhas de água,

uma é quase a outra

e se permeiam. E fazem amor,

meu senhor
das águas.

 

 

Rosa Maria Mano Publicou em 1983, Xamã, com capa de Elifas Andreato e
prefácio de Antonio Houaiss,  Vento na Saia, poesia, 2015, eBook Amazon/Kindle. Manuscritos de Areia, 2017, poesia, pela Coleção Marianas, Ed. Marianas Edições/Bolsa Livro, Curitiba, Lábios-Mariposa, poesia, 2017,Singularidade Editora. Premiada no Concurso de Poesia do SESC, Rio de Janeiro, 1999, tendo A Lua Negra em primeiro lugar na fase municipal (Teresópolis) e segundo na premiação final, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda, segundo lugar em Teresópolis com Re(s)cendência, no mesmo concurso. Vencedora do I Concurso de Escrita Criativa, nas três categorias, Editora LiberUm, 2016

 


				

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