TARDE: Jandira Zanchi

Ilustração: Arte abstrata na Nebulosa de Orion – NASA



no horizonte percebo fronteiras e mendicâncias
cores escusas, sem muita valentia, balançam , em mau agouro, águas
insalubres de fel e ferocidade
amenidades que desprezo, pois, enfim, eufórica canção sem estribilho
movimenta os pecados, quase insanos, dos muitos que se desorganizam
para nova fraude… parece que metálica e atávica é a senda – primaveril –
de dias descobertos, velados de pão e água, marejados de alma e limbo
aturdidos da sina – essa ave de pouca empatia –  afundada em sua remelenta rede
de poucos peixes e muitos indultos…. crescemos em torno dessas bandagens
frias frívolas que nos atém ao palco sem protagonistas quase limpo de histerias
magro e ralado dos desperdícios envolvidos em cremes e delícias e dourados…
amargos – entre cada toada menina medusa melíflua misericordiosa….
nossos entretantos, nossas divagadas palavras,
os entes que se desesperam e perdem a deixa, a mesura, o enfeite
de se saber esculpido de algum sentido…
objetos e artes e faces.. tão vazios
onipresentes e oriundos de um antigo feixe de linhas luz e liberdade
se acomodam em suas olheiras de muito pó e rímel até o alarde
de todas as substâncias amarfanhadas, descaradas
prontas e límpidas para o horizonte vértice de um novo hino


que tarde, que tarde….


JANDIRA ZANCHI

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