Cristal e vinho
Na concavidade
Da taça quebrada –
Gotas de vinho
Tarde
Em tons de magenta…
Da taça quebrada –
Gotas de vinho
Tarde
Em tons de magenta…
Amanhecer em novelos
A manhã desabrocha
Em sons e aromas –
Guardo a imagem
Do teu rosto
Em linhas tecidas
De Amor & Saudade
Lembranças em novelos…
O reflexo do teu olhar
É meu espelho…
Uma gota de gouache
Disfarçada lágrima
(Alongado verso)
Aquieta – se no canto
dos lábios…
Suave, o sorriso permanece –
Ainda molhada
Uma gota de gouache
Observa – me
Em meu autorretrato –
Distantes sonhos
No olhar
Em preto & branco…
(Alongado verso)
Aquieta – se no canto
dos lábios…
Suave, o sorriso permanece –
Ainda molhada
Uma gota de gouache
Observa – me
Em meu autorretrato –
Distantes sonhos
No olhar
Em preto & branco…
Máquina de escrever & pétalas
Ah… o vento invernal
Espalha, como se um pincel, fosse
As flores da cerejeira
Na máquina de escrever
E, em tua camisa azul
Deixada na cadeira branca
Vazia camisa, ausente
Da tua presença,
Mas que ainda retém
Teu perfume…
Pétalas da flor
Aconchegam – se às teclas
Da antiga máquina –
São tênues carinhos
De um vento
(Tons de cor – de – rosa)
Pergaminhos…
Saudade é um torvelinho
De lembranças lindas
São teus beijos
Que me abraçam,
Emoldurando cada segundo
Da minha vida…
Saudade é uma pausa no tempo,
Pulsando no coração
Pontilhismo – gotinhas
Reticências…
Saudade intensa
Os sons dos sinos
De porcelana tão distantes
Das mãos
Atravessam oceanos…
Saudade é àquela dor disfarçada
Que desenha um sorriso
Na bolha de sabão
Saudade “alooonga os segundosss”
E faz da lágrima, uma fonte azul
De inspiração…
Deixo entreaberta a porta
Enquanto pincelo
Uma aldrava em aquarela….
A Pablo Neruda
As rodas da bicicleta
Aproximam seu olhar
do mar…
Inspiradas metáforas
Implodem seu coração –
Antigos envelopes
Ainda, guardam
Papéis de carta
E, naufragadas reticências…
Ponto de fuga
Amanheci
Com teu ponto de fuga
Tua perspectiva –
Beijo
Desaguando em mim…
Retalhos
Traços do pôr do sol
Refletem no vidro
Do porta – retratos –
Retalhos em colcha
Ao trocar uma letra:
Silente concha…
A tarde fria cobre – se
Com as lembranças
Da fotografia,
Amor & saudade
Dialogam ponto a ponto
Nesse entrelaçar de linhas
A agulha senti a falta do dedal –
Sonolentos pespontos
São acalantos
Que me fazem adormecer
Com o porta – retratos
Entre as mãos,
Recortados tecidos
Nesse, lento desabrochar
Da colcha permanecem,
Ausências são alongados
Silêncios que escalam
A dourada borda
Da xícara de porcelana –
Ritual do chá de romã,
Quase, esquecido
Nesses últimos versos,
Mas que ainda aquece
Meus lábios…
Vanice Zimerman, nascida em Curitiba – PR. Formada em Letras Português/Inglês, Escritora e Artista Plástica. Com Poemas, Crônicas e Contos publicados em 90 livros. Participa de algumas Coletâneas entre elas: CONEXÃO- Feira do Poeta – 2015 a 2019; Antologias de Haicais (Croácia 2015 a 2020: 23. Samoborski (Darko Plazanin – Samobor Haiku Meeting), Kabocha, 2016; Coletânea de Haicais: A Lâmpada e as Estrelas (2012); Livro Poemas & Imagens – Instituto Memória e a Antologia Espaço Cultural Coreto – 2018. Membro da AVIPAF (Cadeira 16) Academia Poética Brasileira e da IWA.
Respostas de 3
É preciso desconfiar todo poema ainda está na véspera…
Boa noite Jandira, agradeço o convite e linda publicação! Parabéns pela Revista! Abraços, Vanice Zimerman.
Grat eu, Vanice, tua poesia é sempre bem vinda, tão encantadora quanto tua pessoa!