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Ilustração: Andrei Nica |
Portas
abertas
Era preciso
atravessar
entre leitos
para
alcançar
algum quarto
Na noite:
alinhavam-se vidas
com portas
abertas,
feito num
longo
corredor,
e a casa nos
expunha,
avessa
a qualquer
intimidade
Mas, naquela
noite,
as pontas
dos dedos
transgrediram
limites
Às portas
abertas
do corpo.
A
ilha
Na
ilha,
os
traços de um homem
cercados
por mar
insondável
No
homem,
o
sonho de um barco
solto
em mar
não
navegável
Um
homem
na
ilha de um barco
Um
homem
Ampulheta
Tudo,
neste mundo,
se apequena
O veleiro
que se afasta,
feridas,
memórias
Se apequena
no homem,
seu deserto
No abismo da
ampulheta
há sempre um
quê de eterno
no último
grão de areia.
Poema
de”Assédio da águas” (páginas Editora 2017).
Luiz Walter Furtado
nasceu em Belo Horizonte, é médico pediatra na cidade de Ouro Preto (MG) e
começou a escrever poemas aos 57 anos. Acredita que o fazer poético entrou na sua vida como
um bônus, um alento ou alguma forma de resistência. Tem poemas publicados em várias revistas
digitais: Caderno-revista 7faces, Mallarmargens e Revista Carlos Zemek- Arte e
Cultura. Publicou Revelações (Penalux
2016) e Assédio das águas (Páginas
Editora 2017).
Contato:
E-mail: lwfsousa@gmail.com