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Ilustração: Leon Bakst |
ROMPANTE POÉTICO
sem a loucura e o espanto
o poema é construção artificial
a Poesia é um barco
que enfrenta tempestades
com a alma nua
e o coração latejando ao ritmo da Lua
a Poesia exige arrancar as mordaças e as máscaras
exige insanidade, abismos e vertigens
para arremeter contra as colunas de Hércules
e navegar no oceano da imprevisibilidade
a Poesia precisa de sal, de pimenta
e de um vinho envelhecido
para vencer todas as fragilidades.
INCANDESCENTE
a Poesia não nasce só de observar um anjo sobre o ombro
a Poesia nasce também do grito abismal
do terror
do desassombro
– a poesia não é só palavras
ela é construída no fundo da alma
e possui um coração afoito
e magma incandescente em cada verso.
POETA E DOIDO
a insanidade foi seu estigma já na mocidade
era doido de quebrar anéis de ouro
e também era poeta e escrevia adoidado
seus poemas publicados em xerox
transcendiam
mas, às vezes, zangado pela falta de elogios
esquartejava os poemas e as folhas
com uma navalha com mango de prata
e os poemas sangravam.
PROTEÇÃO
no subsolo dos afetos
existe um espaço narcisista
dedicado ao príncipe das ilusões
e quando a vida nos fere
com seus fortíssimos ferrões
nossa parte narcisista
(como mãe protetora)
eclode em autoelogios
para elevar a autoconfiança
e alterar o vulcão das paixões
o ser humano tem lava escondida
nos interstícios das emoções.
Isabel Florinda Furini é professora, escritora, poeta e palestrante, foi premiada em concursos de Poesia e de Contos no Brasil, na Espanha e em Portugal. Realizou recitais de Poesia na 36a Semana Literária do SESC e na Burlingame Public Library, na Califórnia, Estados Unidos. É autora do livro de poemas Os Corvos de Van Gogh, Membro da Academia de Letras do Brasil/ PR; Presidente da Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia; foi nomeada Embaixadora da Palavra pela Fundação Cesar Egido Serrano (Espanha); seus poemas foram publicados em revistas, jornais e sites.
Respostas de 8
Muito obrigada pela publicação desses poemas de minha autoria, querida poetisa Jandira Zanchi.
O segundo poema dá a impressão de ser uma continuidade do primeiro, como se fossem um só, na verdade. Poesia sobre poesia. Poema sobre como deve ser um poema. O verso é livre, e assim também deveria ser a abstração da matéria poética que leva cada um a escrever o que quiser da forma que quiser e sobre o que quiser, sem regras. Não conhecia a autora.
Sempre bem vinda, amiga, e parabéns pelo te trabalho como poeta e divulgadora cultural.
Brindemos o terror e desassombro que falam bem do nosso tempo, sem esquecer as flores .Parabéns Isabel.
Obrigada, Maria Beatriz. Você tem uma mente muito afinada – parabéns pela acuidade poética. Realmente era um poema e eu dividi em dois, porque achei que separados ficariam mais fortes. Grata pelo comentário.
Muito obrigada, Sonia Cardoso.
Lindos poemas. Parabéns!!! Convido a conhecer meu blog: https://rcabrelepoesias.blogspot.com
Boa noite, poemas dignos de serem compostos pela grande e nobre poeta Isabel Furini.
Parabéns!