4 poemas de Isabel Furini

Ilustração: David Sosa

PREENCHIMENTO

Escrever é um sonho que se alonga
entre as membranas do tempo
porque os sonhos são atemporais
e como a Ilíada e a Odisseia
servem de alimento
e preenchem o vazio emocional
que experimentam as almas poéticas.


MUTAÇÕES DO LÁPIS

Às vezes
a poesia brota do lápis (perfeita)
com aromas, texturas e cores
outras vezes
o lápis obstrui as ideias
fica sem sabores
e bloqueia a inspiração
dos escultures das palavras e da noite

novamente a vida se renova
e ela espelha no lápis
o poderoso poema que intimida
e dá fortes mordidas ou arranha
a alma já ferida

e quando o lápis quebra se transforma em saudade.


ESTRADA

Escombros e rosas
– a estrada poética
não esconde a beleza do mundo
nem as suas asperezas.

  
ESSE PALHAÇO

Risos, lágrimas e palhaçadas
– no enorme chapéu
permanecem entrelaçadas
a alegria e a tristeza

esse palhaço é um ingênuo humorista
um semeador de piadas
um talentoso artista

de dia ele é zombeteiro
mas quando fica frustrado
espera a noite e derrama
lágrimas
vômitos
palavrões
e álcool
sobre o edredom roído pelas traças.



Isabel Furini é escritora, poeta e palestrante. Autora de 35 livros, entre eles, Os Corvos de Van Gogh (poemas). Participou de Antologias poéticas em Portugal, Argentina e Chile; é criadora do Projeto Poetizar o Mundo; membro da Academia de Letras do Brasil/Paraná; Presidente da AVIPAF (Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia); coeditora da Revista Carlos Zemek de Arte e Cultura; recebeu Comenda Ordem de Figueiró, Artes e Cultura do Brasil; Realizou um recital poético na 36a. Semana Literária do SESC & XV Feira do livro da UFPR, em 2017, e um Recital Poético bilíngue (espanhol/inglês) na Biblioteca Pública de Burlingame, Califórnia, USA, em 2018. Seus poemas foram premiados em Brasil, Espanha e Portugal.

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