Crisálida
Larva-palavra
Presa no cárcere do eu.
O ritmo pulsa
do abismo interno,
casulo prestes a acordar,
e desata em
poema-borboleta.
Vida afora
No verso
distorço
o reverso,
e na vertigem
sossego,
excluo palavras ébrias,
sublinho letras.
Nenhuma dor me soletra.
Quero somente
as palavras encantadas das
cantigas de ninar.
Desato no choro,
no desmedido espaço
entre a dor
e o poema.
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Ilustração: Aly/deviantART |
Devagar
Coleciono asas,
mas nenhuma me pertence.
Guardo-as para um
possível mergulho,
mas o abismo me desampara.
Impossíveis aventuras me sufocam,
apesar da rebeldia.
Juro que nunca quis ser a princesa
dos contos de fada.
Não sou ilha pronta para abarcar.
Então nos meus olhos
recapitulo a coreografia dos ventos;
transcrevo as linhas do deserto
para a pátria.
Vou devagar, no encalço arriscado
das aves que voam alto,
em busca da Terra Prometida.
Melhor morrer de cansaço que de solidão.
Abrigo
Um passo em falso
e posso cair
com assombro
no poente
do abismo.
Vigio a insônia
e o relógio fatigado
antes de cortar os pulsos.
O que me salva é
o brilho
de outra manhã.
Uma resposta
Gostei muito .Parabens