6 poemas de Alex Franco

ditado
tarde
vai quem cedo parte
,fique longe, fique assim
vai
que vai, que vá-te a marte
,já qu’estrago não tem fim

enfin

uivo
!dor d’alma
,não causa, ignoto
,cotidiano podre
,carniça, coração dos homens

olho além-parede
tímido, serpente
:bote
,veneno, misericórdia
;falsa bela pura
:noite (festanças macabras)

amor
!perigo
atrás d’espelho; gemido
:sugestões sortilégios
,ninhos de bestas sofridas

dor
!corda bamba confidência,
.fraterno sublime eterno
.jogo de passos bêbados

do fim, restos
,pedaços d’uma carne
suculenta frágil brilhante jovial

existência
,jovens cegos
d’essência
!passos largos canção festa
.belo macabro
.solidão, enfin, resta

epopeia

estrofe: dois versos
,lado alado
,cont’um a outro
versos-sonhos
não

escritos

.

lado’a’lado
epopeia

Odisseia
:heróis deuses feitos
;

entrelinhas de dois versos

poesia
da vida

boba sem sentido
,poderosa
,n’esquina sem motivo

Kerouac’Homero: chá das três

epicurismo

noite’quilibrada; calma
singela pacata
;a poetas latinos
,ideal

(Epicuro transbordou
emoção ao vê-los ali, amando-se
no equilíbrio do coração)

.sonhos palavras toques
marginais
,aspirantes, poetas
.eletricidade-mundo

,surto
:montanha

santo contorno, devoto

luta garrafa pergunta
:—Verdade?
?—Pode ser—
.manhã-despedida dolorida
,abstinente, viciada
,corrompida

(Epicuro os vê e diz
:—São o que devem ser

!)

(não muito tempo
daquele momento naquele horário
daquele lugar, cenário
de noit’equilibrada calma
singela pacata
,riu do brigadeiro melado até chorar
.o mundo pouco exige do poeta
que quer com seus poemas gritar)

tarde de domingo

sofisticação
:mortadela margarina
pão

(mesmo querendo vinho
e tomando leite ninho
.mesmo querendo salmão)

gosto
;vida
?nenhum

morte noite música
bebida

presença
partida

(voltemos ao pão com mortadela
;gosto por gosto
,bem não faz
,mal não traz)

nanquim

fácil qualquer coisa
como dizem que o é
,virava vida toda
feito gole de café

,qu’escorre
pela guela
,que me queima
feito vela

acesa nu’minuto d’uma noite
:de queimar já não sou são

!

(tão difícil quanto pintam
?ao menos não a mim
,que sentado confabulo
pensamentos à nanquim)

-foste mais, és o mesmo
fico então assim a esmo-

feito pena
feito vela

(sem borrão)

viro vida toda feito gole de café
(com fabulação)

Extraído de : Breguices de Platão ou poemas de tardes invernais

Ilustrações:  Renan Archer


Alex Franco é graduado em Letras – Inglês pela Universidade Federal do Paraná e atua profissionalmente como revisor de textos e redator. Possui inúmeros textos publicados em portais variados, tendo sido selecionado pelo Litercultura para a antologia “Novos Autores Curitibanos”. Atualmente, se dedica à publicação de materiais autorais variados, como poemas e crônicas, no site Contos de Garoto.

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