vai quem cedo parte
,fique longe, fique assim
que vai, que vá-te a marte
,já qu’estrago não tem fim
enfin
uivo
!dor d’alma
,não causa, ignoto
,cotidiano podre
,carniça, coração dos homens
olho além-parede
tímido, serpente
:bote
,veneno, misericórdia
;falsa bela pura
:noite (festanças macabras)
amor
!perigo
atrás d’espelho; gemido
:sugestões sortilégios
,ninhos de bestas sofridas
dor
!corda bamba confidência,
.fraterno sublime eterno
.jogo de passos bêbados
do fim, restos
,pedaços d’uma carne
suculenta frágil brilhante jovial
existência
,jovens cegos
d’essência
!passos largos canção festa
.belo macabro
.solidão, enfin, resta
epopeia
estrofe: dois versos
,lado alado
,cont’um a outro
versos-sonhos
não
escritos
.
lado’a’lado
epopeia
Odisseia
:heróis deuses feitos
;
entrelinhas de dois versos
poesia
da vida
boba sem sentido
,poderosa
,n’esquina sem motivo
Kerouac’Homero: chá das três
epicurismo
noite’quilibrada; calma
singela pacata
;a poetas latinos
,ideal
(Epicuro transbordou
emoção ao vê-los ali, amando-se
no equilíbrio do coração)
.sonhos palavras toques
marginais
,aspirantes, poetas
.eletricidade-mundo
,surto
:montanha
santo contorno, devoto
luta garrafa pergunta
:—Verdade?
?—Pode ser—
.manhã-despedida dolorida
,abstinente, viciada
,corrompida
(Epicuro os vê e diz
:—São o que devem ser
!)
(não muito tempo
daquele momento naquele horário
daquele lugar, cenário
de noit’equilibrada calma
singela pacata
,riu do brigadeiro melado até chorar
.o mundo pouco exige do poeta
que quer com seus poemas gritar)
tarde de domingo
sofisticação
:mortadela margarina
pão
(mesmo querendo vinho
e tomando leite ninho
.mesmo querendo salmão)
gosto
;vida
?nenhum
morte noite música
bebida
presença
partida
(voltemos ao pão com mortadela
;gosto por gosto
,bem não faz
,mal não traz)
nanquim
fácil qualquer coisa
como dizem que o é
,virava vida toda
feito gole de café
,qu’escorre
pela guela
,que me queima
feito vela
acesa nu’minuto d’uma noite
:de queimar já não sou são
!
(tão difícil quanto pintam
?ao menos não a mim
,que sentado confabulo
pensamentos à nanquim)
-foste mais, és o mesmo
fico então assim a esmo-
feito pena
feito vela
(sem borrão)
viro vida toda feito gole de café
(com fabulação)
Extraído de : Breguices de Platão ou poemas de tardes invernais
Ilustrações: Renan Archer
Alex Franco é graduado em Letras – Inglês pela Universidade Federal do Paraná e atua profissionalmente como revisor de textos e redator. Possui inúmeros textos publicados em portais variados, tendo sido selecionado pelo Litercultura para a antologia “Novos Autores Curitibanos”. Atualmente, se dedica à publicação de materiais autorais variados, como poemas e crônicas, no site Contos de Garoto.