6 poemas inéditos de Andrey Luna Giron

 

Nave de Cosmos flutuando intacta,

Escura e densa,

Com asas incrustadas em nichos
oculares,

Procurando na vertigem,

Do sempre,

O brilho em ascese,

Arraigado na seiva,

Da consciência fixa,

Um romper de colheitas em mãos, 

Que o peito insiste em recolher,

Na alegria tardia e anunciada.

 

***

 

Mãos de terra em barros,

Colhem a massa urdida de sóis de dias
concretizados,

Concentrados então singram teu mar e
sangram tuas carnes carmesim sem ferir,

Protegidas pela pele da eternidade em
cada momento, 

Um abraço, um rever e um revelar de
memória, 

Que ama o contato altivo, 

Foge audaz, celebrando toques das
fundas esferas,

Proteção dos olhos na partida, 

Irmanados às frontes de crateras de
sóis, para crescer mais… 

E esperar,

O sempre com mãos e peitos cálidos,

Como a perfeição do fruto.

 

Lágrimas consubstanciam sóis,

Raízes rompem sempre ofertando céu,

Cresce o perseverante,

Para gerar o adeus, 

Segue estremecendo terras incrustadas
de retinas com peles de pétalas,

E pingos pungidos de dor e alegria
lacrimais.


***

 

Pétalas murchas como rugas,

No chão em milagrosas formas
envolvidas em lama,

Ama a alma e cresce a densidade
inorgânica dos espaços,

Sempre o parir, sempre o crescer e o
rebrilho de duros diamantes. 

Explosivo nas funduras rotas, 

Acorda o guerreiro no cerne que
fecunda,

Peito que diz noites e pazes,

Nas profusas imensidões,

Pacto que não morre na pureza, uma
mão de veias velhas, 

Mentes absortas, dispostas ao jovem
espírito descoberto.

 

Cada dia,

Eternidade pronta para receber o
cultivo,

Seu interior, sua massa urdida em
tempestades,

Reverberando úteros,

Raios que rebrilham mais,

Universos difusos embrenhados no
brilho único do nascimento,

Entreaberto em nobres seivas.


 ***


Atravessa teus mares internos,

Teus ventos,

Tuas funduras e 

Traz teus sóis,

Nas montanhas profundas do olho,

Vindo de raízes,

Ao encontro de gestos espontâneos,

Naturais conscientes,

De rememorar passado, 

Rumando ao hoje não nomeado,

Estremecendo o corpo, de barca e
nave,

Que é asa diluída no tempo,

E no espaço reencontrado como uma mão
sentida em si,

Tesouro de si, caminho de si,

Colheita certa, 

De mãos ancestrais em quotidianas
searas.

Fotografia: Andrey Luna Giron

Andrey Luna Giron, nascido em 1971 em Curitiba. Formado em Pedagogia. Publicou em 2009 o livro Cósmicas de poemas pela editora protexto, em 2017 publica o livro de poemas Claritas pela editora insight. Faz palestras semanais em debates no Cineclube Espoletta do Museu Guido Viaro. Atua como maestro e compositor, tendo escrito para trilhas sonoras de cinema. Fez exposições de pinturas em diversos espaços em Curitiba. Proferiu palestras sobre música e filosofia em instituições de Curitiba como a Santa Casa e o Museu Guido Viaro onde ministrou cursos de História da arte, música e filosofia.
Tem um blog com pinturas , fotografia e composições musicais autorais:

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *