Nave de Cosmos flutuando intacta,
Escura e densa,
Com asas incrustadas em nichos
oculares,
Procurando na vertigem,
Do sempre,
O brilho em ascese,
Arraigado na seiva,
Da consciência fixa,
Um romper de colheitas em mãos,
Que o peito insiste em recolher,
Na alegria tardia e anunciada.
***
Mãos de terra em barros,
Colhem a massa urdida de sóis de dias
concretizados,
Concentrados então singram teu mar e
sangram tuas carnes carmesim sem ferir,
Protegidas pela pele da eternidade em
cada momento,
Um abraço, um rever e um revelar de
memória,
Que ama o contato altivo,
Foge audaz, celebrando toques das
fundas esferas,
Proteção dos olhos na partida,
Irmanados às frontes de crateras de
sóis, para crescer mais…
E esperar,
O sempre com mãos e peitos cálidos,
Como a perfeição do fruto.
Lágrimas consubstanciam sóis,
Raízes rompem sempre ofertando céu,
Cresce o perseverante,
Para gerar o adeus,
Segue estremecendo terras incrustadas
de retinas com peles de pétalas,
E pingos pungidos de dor e alegria
lacrimais.
***
Pétalas murchas como rugas,
No chão em milagrosas formas
envolvidas em lama,
Ama a alma e cresce a densidade
inorgânica dos espaços,
Sempre o parir, sempre o crescer e o
rebrilho de duros diamantes.
Explosivo nas funduras rotas,
Acorda o guerreiro no cerne que
fecunda,
Peito que diz noites e pazes,
Nas profusas imensidões,
Pacto que não morre na pureza, uma
mão de veias velhas,
Mentes absortas, dispostas ao jovem
espírito descoberto.
Cada dia,
Eternidade pronta para receber o
cultivo,
Seu interior, sua massa urdida em
tempestades,
Reverberando úteros,
Raios que rebrilham mais,
Universos difusos embrenhados no
brilho único do nascimento,
Entreaberto em nobres seivas.
Atravessa teus mares internos,
Teus ventos,
Tuas funduras e
Traz teus sóis,
Nas montanhas profundas do olho,
Vindo de raízes,
Ao encontro de gestos espontâneos,
Naturais conscientes,
De rememorar passado,
Rumando ao hoje não nomeado,
Estremecendo o corpo, de barca e
nave,
Que é asa diluída no tempo,
E no espaço reencontrado como uma mão
sentida em si,
Tesouro de si, caminho de si,
Colheita certa,
De mãos ancestrais em quotidianas
searas.