A IDADE DAS ÁGUAS
Agora a serenidade é dos peixes.
Um rio a cada dia.
A vida se organizando pelo avesso,
com sua varanda e reboco claro.
Não existe o voo cego.
Pescamos o peixe sozinha,
não à margem, mas dentro.
Onde o dom de se derramar
nos faz mais femininas.
Qualquer mulher é intensa, idêntica:
o úmido, o seco têm a mesma importância.
Mulheres são leves,
trazem no peito aquela maciez sofrida.
Nenhuma receita para ser feliz.
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LA EDAD DE LAS AGUAS
La serenidad ahora es de los peces.
Cada día un río.
Y la vida que se organiza al revés,
con su balcón y las paredes claras.
No existe el vuelo ciego.
Pescamos el pescado sola,
no en la orilla, sino adentro.
Donde el don de derramarse
nos hace más femeninas.
Cualquier mujer es intensa, idéntica:
lo húmedo, lo seco valen lo mismo.
Las mujeres son leves,
traen en el pecho esa suavidad sufrida.
Ninguna receta para ser feliz.
Tradução de Julieta Sueldo Boedo.
LILA MAIA é maranhense e vive no Rio de
Janeiro. Graduada em Pedagogia. Escreveu os livros de poemas: As Maçãs
de Antes (vencedora do Prêmio Paraná de Literatura 2012 – Prêmio
Helena Kolody de poesia), Céu Despido – 2004 (vencedora do II
Prêmio Literário Livraria Scortecci-SP) e A Idade das Águas – 1997.
Em 2013 ganhou o concurso literário Coleção Vertentes da Universidade Federal
de Goiás com o texto infantil Caixa de Guardar Amor, e em 2015
ganhou o concurso literário da Universidade Federal do Espírito Santo com o
livro de poemas para jovens O Coração range sob as estrelas.