CONTEXTURA: Catia Cernov

Ilustração: Gertrude Abercrombie



Não somos aqilo qe acreditamos ser
            1ma
permissão ds estrelas
Somos aqilo qe o universo imagina
Imagina mas não ousa
Então cabe a nós a força pra sefazer existir
Se impregnar emcarne sangue ossos e feto
Inventar alfabeto numeros xamanismo e ciberspaço
Há muita covardia ns deuses
eles lá – ejaculando sementes no ventre d Kaos
e nós aqi pregando cravos nos pés de qem nos amava
Somos nós qe suportamos a indiferença ds vermes
Que seduzimos e jogamos pra copular, pra procriar
Cuspidos de úteros – um parto é coisa demasiada
brutal.
Toda nossa filosofia é força pra se impor
Toda nossa mística é guerra pra se fazer compreender
Toda nossa economia é trincheira contra a escassez
Toda nossa psicopatia é horror ao fim
Nossa inteligência é estratégia pra subjulgar a
possibilidade da insignificância
Tudo isso praqe?
Pra se vingar dos deuses?
Mas nós já os matamos
Então porq ainda lateja essa fome?
Somos nós que fecundamos os corpos
Com o atrito do sexo
Que moldamos as mentes
Com a força das regras
Que martelamos nossa pele no não-existir
Textura órgãos ossos nervos fome e cio
Cada corpo é um nó tecendo o nós
Cada corpo é um nó tecendo o nós
Explodimos as pedras, pintamos os quadros de guerra,
doutrinamos as crianças, cravamos bandeiras na lua
E tudo isso praqe?
pra sefazer existir – pra ousar – pra gozar
Só isso  nada mais

Catia Cernov

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *