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Ilustração: Marco Mazzoni |
o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis
Antonin Artaud
Lembro dos psiquiatras
que fizeram ouvidos moucos
e chamaram-me louco
por sentir um afeto
humano demasiadamente humano
posto à margem dos neurotransmissores
que fizeram ouvidos moucos
e chamaram-me louco
por sentir um afeto
humano demasiadamente humano
posto à margem dos neurotransmissores
Há dias em que uma garrafa
de vinho escuta-me melhor
que qualquer grande amigo
Há dias em que os dias,
como o Tempo, escorrem
entre os dedos & eu sangro
com um sangue escuro feito de Silêncio.
por ter guardado, por séculos, o meu desejo
Então chamaram-me,
enfim, esquizofrênico,
esquizoafetivo
& fui sangrando,
esquizoafetivo
& fui sangrando,
atado aos meus delírios,
como se não houvesse em mim o lírio
púrpura que guardo desde a Infância
Há dias em que uma garrafa de vinho
me faz exalar o orvalhodas fêmeas
Gabriel Cortilho (1992- ) é poeta, músico e professor de História no cursinho popular do IFSP, em Araraquara, no interior de São Paulo. Organiza seus escritos no formato de livretos Atemporal/Cronológico (2014), Transitório (2015), A Transa dos Besouros Verdes (2016), O Poema e a Cachaça (2017), Javali Radioativo (2017) e Golondrina Subterrânea (2018).
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