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| Ilustração: Kris.KG |
necessário dourar-se o esquecimento
em boas lembranças
dessas de esperança à meia taça de vinho
enfastiado quase entediado
saturado de areia branca sombra e sonhos
séculos varridos nos degraus
minúsculas camadas das eras e erários
minhas asas
aladas
cortadas
pesadas
desajeitadas
estrelas ainda brilham
mas, tampo-as,
para não pegar sereno
e nenhum moreno
e algum encanto, portanto,
vadiam-se as horas em batimentos
sincronizados
por leis e luas de algodão
e posso – lembro-me – adornar um jardim
outono e pérolas corridas na relva
ou namorar uma vitrine de pedaços e colagens
carmim e paisagismo em uma ruela enviesada
um gole de café e uma trovoada
se chove, arrumo estantes e palavras
perfomances
percalços, entre os ruídos do silêncio,
o ato e a vida.
Jandira Zanchi (A Janela dos Ventos)