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Eu acariciava suas cochas
bem próximo à calcinha.
Minha mão subia aos poucos
ela, uma rendida rainha.
***
A mulher dorme ao meu lado
na cama, toda nua.
Eu olho pela janela
para admirar a lua.
***
Quero alisar tuas pernas
que vejo sob o vestido.
O teu marido não gosta
que eu te namore escondido.
***
Gosto do número oito
porque rima com biscoito.
Também pode ser afoito
no meio de um belo coito.
***
Eu queria ser a água
pra lamber teu corpo nu,
de biquini pela praia
junto com o vento sul.
***
Penso que a vida existe
e não se sabe o quê vem.
Virá um beijo, um arpão,
um rumo que ninguém tem.
Ilustração; deviantART
REINOLDO ATEM, declaradamente curitibano, nasceu em 1950, no Piauí, morou em Londrina e em São Paulo. A sua poesia guarda as imagens de uma Curitiba sem os delírios de modernidade. Como consequência, seus melhores poemas não pagam o tributo para o verso curto ou para a modernidade epidérmica. Muito pelo contrário, os seus bons poemas são longos, bem articulados e revelam o domínio da macroestrutura da linguagem. Publicou a novela “1971, no Auge da Repressão”, Editora Beija-Flor, Curitiba, 1978. (Reeditada em 2014). Foi um dos fundadores e editores da revista Outras Palavras (1978) e da revista de criação Zé Blue (1980). Participou das coletâneas: 4 Poetas – Editora Cooperativa de Escritores, Curitiba, 1976; Tempos (poemas) Editora Pindaíba, São Paulo, 1976; O Conto da Propaganda, Editora Vertente, São Paulo, 1979; Assim Escrevem os Paranaenses, Editora Alfa-Ômega, São Paulo, 1977, Sala 17 – poemas, Movimento Sala 17, Curitiba, 1978.