4 poemas de “Luas de Maçã” de Jandira Zanchi


NA TRAVE

tictactictactictactictatictactictactictactictactictactictactictac
tactictactictactictatictactictactictactictactictactictactictactic
teus segundos aceleram
teu projeto trajeto concreto afeto
parabólica paralisante
afetivo afável amável estável
o dia de hoje transcorre no de ontem
falece fibra teu tempo se estica
manso e mácula escorre o mundo no túnel
é gol na trave.

  
VOLTAGEM 

e o tempo insiste em continuar nesse ritmo vagabundo  imponente quer façamos parte – ou não – de seus malabarismos
engates/desgastes, quem se importa? que liga/desliga é esse
que compromete nosso – quase ridículo – senso apolíneo de beleza e
continuidade e evolução e pregação e…e…e…e..e.

voltagem/vantagem
aspectos incipientes de construções
navegações em mares brandos
alternados selvagens inesperados
deuses afrodisíacos
o paraíso não é o todo
o tolo não é o justo
o movimento não é consciente
mas… saberemos a verdade ou uma verdade que nos interessa?
o erro é fisiológico?



AS NÁDEGAS DO TEMPO 
  
quase sempre recomeça o dia….

sonetos de pianos desacordados espiam minhas paredes
poesia/poeira/purificação
água encanada descobrindo o caminho do cárcere

se abro o sol
passos retumbam com vigor de passarinho
enquanto amanheço amálgama aliança de fatos
frases fosforescentes espiando a ponte

marina marinha mascavo mascarado musical irrelevante
desespero de não ter fórceps que encaixem leis e léguas
dúvidas e espantos arquivados em arcanjos
rondam e comentam    
farrapos atos atitudes de negação

…………..contumaz córrego interrompe meu silêncio
na ponta do lápis ainda o  som o cheiro o bento
adeus, ah, adeus, caminha a nave nas nádegas do tempo.


CIRCULAÇÃO 

1000 anos vão se passar e outros 1000 e outros e outros nesse oneroso processo de simplificação que oprime em seus círculos de ventos e ventarolas para um caminho duende
        – venoso e esperançoso –
aonde o centro é um ponto em x ou y ou w enquanto, nós, os sedentos sedentários otários e atuantes no comando ou
na espreita nesse pequeno charco  – iluminado arenoso deserto  – desabamos correntes almejando horizontes e nirvanas
e pétalas de conhecimento (verdade que alguns apenas chibatas
para o mando) enfim, iguais, no fim, na falta de sina,
apenas contagens de tempo
operando destilando veneno mágoas
        -botões de perfumadas rosas –
para as mais sábias experiências que desenrolam, como fios de prata, um bom éter e seus segredos de pacificação
planilhas e   planos
enquanto no jogo dos espelhos compartilhamos a circulação
          – sem coração –
pois, está ausente dessa lida a lembrança da imagem ou do perdão.

Jandira Zanchi

Ilustrações: Max Ernst

 
 

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *