8 poemas de Pedro Vale


O poema aquece
as montanhas
quase sem voz
e relativiza a fúria
Inocente e letal

Do vento

***

Da noite pró dia
Inverte-se o canto
Augúrico da cotovia

***

Milagre d’ estreia

Vida prazenteira,
Gesto normal.

Encadeamento
De claros
Acordes
Outonais.

Absorta lentidão.

Desejo,
Combate,
E renúncia
À tentação
Do recentemente
Adiado mil acre d’estreia
(sem unanimidade).

Prolongado o tempo

Da subtileza linguística.

Impaciente o esforço…

– Bica poética para a mesa sete!

***

Porto

a poesia vai
pela rua,
nua.
esconde-se
nas manhãs mais
frias.
e é à noite que lhe foge
a voz.
lenta
e lenta,
lentamente,
até
desembainhar
na
f
 o
   z


***

O poema emerge da cloaca musical de Brahams, eternizando o momento:
palavra-sopro.


Beber tanto azul
Até limpar a
Neurose.


***


f i m
e a o
c a b o


inquieto
semifuso
numerador
intermezzo
abismal dia
comunidade
cinético corpo
limbo passeio
contra pombo
justo benfeitor
força e género
grande assalto
fome assass i n a
fertilizante racial
explosão atónita
fundição romana
unidade de tempo
elos intermediários
sofrer privatizações
dança renascentista
arrebatamento boémio
café com vista pra tudo.


***


O poema
como
Pétala de escravo
marinho
que enternece.

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Pedro Vale é de Guimarães mas leciona e vive no Funchal , ilha da Madeira, há 16 anos. Professor de primeiro ciclo e estudante universitário de Cultura, ama todas as formas culturais em geral e as artes em particular.Azul instantâneo é o seu primeiro livro.

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