cavia porcellus
leite corte lã
uma mulher nasce
paralela ao mundo
nos desertos da
domesticação
não mais na amizade
e no sacrifício
não no amor das flechas
e dos campos rupestres
toda mulher deve morrer
no ódio à vida sabendo
de si gritando de si
leite corte lã
a sequência do dizimo
aos poucos aos poucos
deteriorando
leite corte lã
a sequência do deserto
morremos de sede
fome e
estamos com frio
voo
parece não termos o mesmo nome: julia
sei que você preferiria ter esse nome
você e eu sabemos ser mais bonito esse
como se não fossemos uma
tomou o caminho mais escuro da
inimizade: o de sumir
não há como ficarmos alheias
ao mesmo corpo negro
esse corpo mesmo que arrastam
como se fosse um só
um dia vamos nos encontrar na terra
ou no pólen
eu como pólen você como abelha
ao menos uma de nós tem que voar
ao menos uma
Ana Iris já publicou na revista de criação literária Alagunas. No segundo semestre desse ano (2018) púbica o livro “Cavia Porcellus” selecionado pelo Edital de Obras Literárias da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Escreve no blog Concha Poema (conchapoema.blogspot.com.br)
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poemas maravilhosos.
Agradeço o espaço, Obrigada pelo convite Pat.
Continuamos na luta