Foto: Gilles Peress
POEMA 1
arame rasgante farpante lâmidarmada
fúria em flor
risca rasga passeia por meu rosto encerado sereno
passa a língua ferina
no osso palatino
da pele lânguida insistente
de pálido tom facial
de semblante cor de rosáspera
rosa murcha rugosa
que teima expressão mas não fala.
Golpeia ar na cara, arame
e arranha o tédio.
POEMA 2
cala a fala
acordormece o vocal
entre o nó na garganta
e o esbravejo gutural
sussurram pra dentro
ditos
balbucios
grunhidos
urros.
abafa
o som
em suspirosoluços
e solta
no mandibular
o soprovável
da voz inumana.
POEMA 3
longe de mim
quando eu não puder mais comigo
vou ali
dobro esquina
e busco outra
dispersãonificação
Foto: Gilles Peress
POEMA 4
Num futuro próximo, irei me refestelar da palavra escrita:
serei serva do verbo
degustarei, timidamente, da sinestesia perdida.
Já que os manifestos modernistas mofam nas prateleiras-estátuas-estantes tropicalistas
Eu, antropofagicamente:
resgatarei a sombra despresente do velho conceito modernista. Soçobrarei nos discursos globa(des)lizantes da era virtual.
Buscarei abrigo em Comala, Macondo ou Pasárgada, que são apenas retratos na parede, amarelados pela dor drummoniana.
Fincarei manuel bandeira sobre a árido e o ácido da falta do que dizer!
POEMA 5
Se as línguas dos amantes falassem
diriam eu te enrosco
e emitiriam sons sensuais no oco do ouvido do outro
e os dentes morderiam os verbos engasgrudados no céu da boca
depois silenciariam
com a garganta inflamada de gritos mudos
Se as línguas falassem
Não falariam
Seriam práticas rápidas elásticas fáticas fálicas
Se as línguas dos amantes falassem.
Meire Viana mora em Fortaleza, Ceará. É professora de Português e Literatura, com Mestrado e Doutorado em
Letras. É poeta experimental neoconcretista ou poeta contemporânea. Absorve edeglute, antropofagicamente, o Concretismo, a poesia marginal dos anos 70 e a poesia visual, que são suas referências. Gosta de aglutinar, enroscar,
inventar, provocar sentidos por meio das palavras. Tem material inédito parapublicação em livro, mas por hora é frequentadora de saraus poéticos na cidade.
Letras. É poeta experimental neoconcretista ou poeta contemporânea. Absorve edeglute, antropofagicamente, o Concretismo, a poesia marginal dos anos 70 e a poesia visual, que são suas referências. Gosta de aglutinar, enroscar,
inventar, provocar sentidos por meio das palavras. Tem material inédito parapublicação em livro, mas por hora é frequentadora de saraus poéticos na cidade.
Respostas de 2
Gostei do conjunto de poemas
Show!!!