6 poemas de “A depressão tem sete andares e um elevador ” de Isabela Sancho

ILustração:  Barbu Constantin
Há pedaços
de mulher pelo mato.
Há carrapatos e
ruínas de galpões
que outrora foram
insuficientemente importantes

e agora

nem isso mais são. 

*

Há toda a diferença

entre o que é só uma descida
e o que já se tornou
uma queda.

Não sei dizer
se essa
velocidade acelera
tanto quanto
a gravidade.

*

O elevador se move
tecnológico,
novo.

Com amortecedores,
silenciadores de perigo.
Quanto mais quieto,

mais grave.
Ocultamento

violento e suave. 

*

A vertigem
de um refluxo

é meu estômago
sem peso,
querendo ter

permanecido lá em cima. 

*

O quarto subsolo não fica
no hemisfério polar.

Mas a noite cai

às quatro da tarde
e o dia

mal sobe às duas. 

*

Nasce o dia sem nascimento.

Nasce o dia
como uma emenda
e se nada se encerra

não há recomeço.Há pedaços



Isabela Sancho nasceu em Campinas, em 1989. Integra o corpo de poetas do portal Fazia Poesia e segue o Curso Livre de Preparação do Escritor na Casa das Rosas. É autora e ilustradora dos livros de poemas As flores se recusam (Editora Patuá, 2018 – finalista no Prêmio Literário Glória de Sant’Anna 2019, Portugal) e A depressão tem sete andares e um elevador (Editora Penalux, 2019). Ainda em 2019, terá sua primeira plaquete publicada pela Editora Primata e seu terceiro livro pela Editora Urutau

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